Conferência da DATAGRO reúne autoridades e lideranças do setor para valorizar legado histórico e projetar novas oportunidades na bioenergia nacional

A 25ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, realizada nos dias 20 e 21 de outubro, em São Paulo – SP, foi marcada pela celebração dos 50 anos do Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool) — marco histórico que consolidou o Brasil como referência global em biocombustíveis e segurança energética. O encontro reuniu cerca de 1,5 mil participantes, entre empresários, produtores, executivos e representantes políticos, incluindo o governador Tarcísio de Freitas e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.

O presidente da DATAGRO, Plinio Nastari, abriu o evento relembrando a criação do ProÁlcool, nascido da visão técnica de dois engenheiros — Lamartine Navarro Júnior e Cícero Junqueira Franco — que, nos anos 1970, elaboraram o estudo “Fotossíntese como fonte energética”, base conceitual para o governo de Ernesto Geisel instituir o programa em resposta à crise do petróleo.

“Foi o ponto de partida de uma revolução energética. Desde então, o setor sucroenergético não parou de crescer, gerando alimentos, energia limpa e desenvolvimento socioeconômico”, afirmou Nastari. Segundo ele, o uso do etanol nas últimas cinco décadas permitiu ao país substituir 46% da gasolina consumida, evitar a emissão de um bilhão de toneladas de CO₂ equivalente e economizar bilhões de reais em importações de combustíveis fósseis.

Nastari destacou ainda que o setor vive uma nova fase de oportunidades, impulsionada pela expansão dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), da química verde, do hidrogênio renovável e por programas públicos como Combustível do Futuro, Paten e Mover, que ampliam as fronteiras da inovação e competitividade da bioenergia brasileira.

Congresso e governo reafirmam apoio à expansão do etanol

Em sua fala, o presidente da Câmara, Hugo Motta, reforçou o compromisso do Legislativo com o fortalecimento do setor e defendeu o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina de 30% para 35%. “O Parlamento está atento e atuante para consolidar o etanol como um dos pilares da transição energética brasileira. Este é um setor que gera empregos, reduz emissões e projeta o Brasil no cenário global”, declarou Motta, sendo amplamente aplaudido.

O governador Tarcísio de Freitas também ressaltou o protagonismo do país no desenvolvimento de uma economia circular eficiente, capaz de transformar resíduos em insumos e energia renovável. “O Brasil é o showroom da transição energética. Nenhum outro país equilibra produtividade, inovação e sustentabilidade de forma tão concreta”, destacou.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Campos, completou que o setor sucroenergético representa o “melhor exemplo de integração entre agronegócio e inovação tecnológica do mundo”.

Etanol como patrimônio nacional e ativo estratégico

Durante a cerimônia, o presidente do Conselho da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), Carlos Ubiratan Garms, fez um alerta sobre o valor estratégico do etanol em um cenário global de tensões comerciais e políticas. “O etanol não pode ser tratado como moeda de troca em acordos internacionais. Ele é uma vantagem competitiva e um patrimônio nacional que precisa ser preservado”, enfatizou.

A conferência também prestou homenagens aos deputados Arnaldo Jardim e Marussa Boldrin, reconhecidos pela atuação em defesa de políticas públicas voltadas à bioenergia e ao agronegócio. Entre os presentes, estavam ainda o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista, Itamar Borges, e o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, além de dirigentes de associações, produtores e executivos do setor.

Um legado que impulsiona o futuro energético do Brasil

Ao encerrar o evento, Plinio Nastari destacou que o sucesso do ProÁlcool transcende sua relevância histórica, simbolizando a capacidade do Brasil de inovar, integrar cadeias produtivas e oferecer soluções sustentáveis ao mundo. “A fotossíntese, que há 50 anos inspirou a criação do programa, continua sendo a força motriz do nosso futuro energético”, concluiu.

Para a produtora associada da Canaoeste, Lucila Meirelles, que acompanhou as discussões, o evento foi um divisor de águas. “Foi uma conferência muito rica, com debates sobre as perspectivas econômicas e de mercado para o açúcar e o etanol. Um marco para o nosso setor, celebrando com orgulho os 50 anos do ProÁlcool”, afirmou.

Com meio século de trajetória, o ProÁlcool segue como símbolo da independência energética e da sustentabilidade brasileira, apontando para um novo ciclo de desenvolvimento, tecnologia e competitividade verde.