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Zinco e Molibdênio avançam no manejo da cana e consolidam novo paradigma nutricional

Micronutrientes ganham espaço em recomendações técnicas do IAC, ampliam eficiência fotossintética e reduzem doenças

A 5ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana realizada na última semana, em Ribeirão Preto – SP, reforçou a tendência de que o futuro da canavicultura brasileira passa pela integração entre ciência e prática agrícola. O encontro, que reuniu pesquisadores, produtores, técnicos e consultores, destacou avanços em irrigação, nutrição mineral e uso de soluções biológicas como motores de competitividade para o setor.

Entre os destaques esteve a apresentação do pesquisador Estêvão Vicari Melles, da Divisão de Solos e Fertilizantes do IAC, que trouxe novos dados sobre o papel do zinco e do molibdênio no manejo nutricional da cana. Segundo ele, ambos micronutrientes deixaram de ser objeto de estudos experimentais para se tornarem recomendações técnicas com forte respaldo científico.

“O zinco é vital para a cana como planta C4, pois atua na anidrase carbônica e impulsiona a eficiência fotossintética. Também é precursor do ácido indolacético, essencial para o crescimento, o perfilhamento e a produtividade, além de reduzir a severidade de doenças como ferrugens e estria vermelha”, afirmou Melles. O pesquisador destacou ainda os antagonismos do zinco com fósforo, cobre e ferro, bem como a sinergia com o boro. Segundo ele, a intensificação da calagem pode reduzir a disponibilidade do nutriente no solo, exigindo atenção no manejo.

Já o molibdênio foi apontado como determinante para a assimilação do nitrogênio, por atuar como cofator da enzima nitrato redutase, favorecendo a formação de proteínas e aminoácidos. O elemento também está associado ao metabolismo do enxofre, à resistência da planta ao estresse hídrico e à eficiência da fixação biológica de nitrogênio. “O aumento do pH, em contrapartida, favorece a absorção do molibdênio, o que reforça a importância de diagnósticos precisos via análises de solo e tecido foliar”, destacou.

Pesquisas recentes do IAC apontaram ganhos expressivos com a adubação dos dois micronutrientes, chegando a mais de 50 toneladas adicionais por hectare em quatro safras consecutivas. Os resultados, segundo Melles, desconstroem o receio de toxicidade, já que doses de até 10 quilos de zinco por hectare não apresentaram efeitos fitotóxicos. A aplicação foliar, especialmente no caso do molibdênio, também se mostrou eficaz, aumentando a atividade enzimática e reduzindo significativamente a incidência de ferrugem alaranjada.

“O desafio é adubar dentro do conceito dos 4Cs — fonte correta, dose correta, local correto e momento correto. Não se trata apenas de aplicar mais, mas de aplicar melhor, integrando ciência e prática agrícola”, disse o pesquisador, que encerrou sua fala homenageando o colega Bernardo Van Raij, ícone da fertilidade do solo no Brasil.

Irrigação se destaca no setor

Além da nutrição, o encontro trouxe reflexões sobre irrigação e biológicos. A vice-diretora do IAC, Regina Célia de Matos Pires, defendeu a irrigação como estratégia fundamental para enfrentar a variabilidade hídrica e projetou produtividades acima de 200 toneladas por hectare com práticas integradas de fertirrigação. Já Carlos Eduardo Rosa, da CATI, apresentou o programa Irriga Mais SP, que pretende dobrar a área irrigada paulista até 2030, apoiado por crédito, energia fotovoltaica e novas tecnologias.

O espaço também discutiu o avanço dos insumos biológicos, que vêm se consolidando como alternativa complementar aos fertilizantes químicos tradicionais, reduzindo custos, ampliando a resiliência das plantas e atendendo às crescentes exigências ambientais e de mercado.

Para produtores e técnicos presentes, a reunião reafirmou o papel da ciência como guia estratégico para o setor sucroenergético. “As palestras mostraram de forma objetiva caminhos claros para elevar a produtividade dos canaviais. Essa conexão entre pesquisa e prática é fundamental para o futuro do setor”, avaliou Eduardo Molina Neto, da Canaoeste.

Ao final, a mensagem foi clara: a produtividade da cana não depende apenas da expansão de área plantada, mas da eficiência no uso de água, nutrientes e biológicos. A integração entre academia, produtores e empresas aparece como o caminho para consolidar o Brasil como referência mundial em produtividade agrícola sustentável.

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