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Censo Varietal confirma liderança da CTC4 e aceleração das variedades IAC no Centro-Sul

Levantamento do IAC mapeia 7,5 milhões de hectares e mostra maior diversificação de cultivares

O Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) fechou, no dia 25 de novembro, o calendário 2025 do Grupo Fitotécnico de Cana com a divulgação dos resultados do Censo Varietal da safra 2025/26 e das intenções de plantio para o ciclo abril/2025–março/2026. O levantamento, coordenado pelo consultor do Programa Cana IAC, Rubens Leite do Canto Braga Júnior, consolidou dados de 321 empresas, usinas, destilarias, associações e grandes fornecedores, que somam 7,5 milhões de hectares de cana em nove estados do Centro-Sul. É o maior painel já produzido sobre a base genética da cultura no país em uma única safra.

No Centro-Sul, a variedade CTC4 segue como a cultivar mais presente nos canaviais, respondendo por 12% da área cultivada, à frente da RB966928 e da RB867515, ambas com 10% de participação. Em seguida aparecem RB975242 (7%) e CTC9001 (4%), o que reforça a predominância de materiais do CTC e da Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RB) no topo do ranking. Quando se observa apenas a área plantada na safra 2025/26, a liderança muda de mãos: a RB975242 ocupa a primeira posição, com 7,9%, seguida pela RB966928 (6,9%), CTC4 (6,4%), RB867515 (5,7%) e IACSP01-5503 (5,6%), indicando uma transição gradual no portfólio das usinas.

Braga destacou que o censo, iniciado há mais de três décadas e estruturado no formato atual, dentro do Programa Cana IAC, há dez anos, atingiu em 2025 seu maior grau de cobertura. “Foram 7,5 milhões de hectares reportados, um recorde nacional e, por extensão, mundial, porque ninguém tem mais cana do que o Brasil”, afirmou. O salto em relação a anos anteriores veio de uma mudança de metodologia: além das áreas próprias, o IAC passou a solicitar que as empresas informassem também as áreas de fornecedores. Se o levantamento se limitasse às unidades industriais, o censo teria ficado em 218 empresas; com a inclusão dos dados de terceiros, o número subiu para 321, agregando cerca de 1 milhão de hectares adicionais.

Um dos focos da análise é o grau de concentração varietal. O IAC trabalha com a referência de que nenhuma cultivar deveria superar 15% da área total, para reduzir o risco de quebras generalizadas em caso de surgimento de novas doenças ou pragas. Os dados de 2025 indicam que o setor internalizou essa recomendação. Na fotografia do plantio recém-realizado no Centro-Sul (1,2 milhão de hectares), a variedade mais plantada, a RB975242, responde por apenas 8% da área, e o conjunto das principais cultivares se distribui em faixas de participação relativamente próximas. “Hoje, a principal variedade plantada tem apenas 8%. Isso mostra que as usinas diversificaram de fato o canavial”, avaliou o consultor.

O censo também mede a evolução dos diferentes programas de melhoramento a partir da comparação entre a participação varietal no “ano e meio” (plantios e colheitas equivalentes). As variedades RB recuaram 5%, enquanto as CTC avançaram 3%. As cultivares do Programa Cana IAC, por sua vez, apresentaram o maior crescimento relativo: alta de 33% entre o que foi plantado e colhido, puxada pela expansão da IACSP01-5503 e pelo avanço de materiais como IACSP04-6007, IACSP95-5094, IACCTC07-7207 e IACSP01-8008 em diferentes regiões.

Na leitura varietal, a IACSP01-5503 desponta como a cultivar de maior aceleração. No Centro-Sul, ela já figura como sexta variedade mais plantada na safra 2025/26 e aparece entre as três primeiras intenções de plantio em polos como Ribeirão Preto, Jaú, Piracicaba, Triângulo Mineiro, Mato Grosso e Goiás. Em alguns mercados, como Goiás e Mato Grosso, as variedades IAC (5503, 8008, 5094 e 1099) ocupam posições de destaque tanto nas áreas de colheita quanto nos novos plantios, chegando a liderar a intenção de plantio em agumas das principais regiões produtoras.

O levantamento de intenção de plantio, realizado com base em respostas de 190 empresas (nove estados), cobre 916 mil hectares no Centro-Sul e 49 mil hectares no Norte/Nordeste para o ciclo que vai de abril de 2025 a março de 2026. No Centro-Sul, o cenário é de forte disputa: as três cultivares mais desejadas aparecem tecnicamente empatadas, com índices em torno de 7% cada. A CTC9006 lidera por margem mínima, com 7,4%, seguida pela RB075322 (7,3%) e pela IACSP01-5503 (7,1%).

Na sequência aparecem RB966928, RB127825, RB975242 e CTC9003, todas na faixa de 4% a 6% de intenção. “Nunca tivemos uma concentração tão baixa na intenção de plantio; o índice de diversidade varietal é o melhor da série histórica”, observou Braga.

A fotografia é distinta no Norte/Nordeste, onde o censo abrangeu 22 empresas (cinco estados). Na região, a variedade RB08791 domina com 29,1% da intenção de plantio, à frente da RB92579 (13,7%) e da RB127825 (6,2%). Embora ainda haja concentração elevada, a idade média das cultivares desejadas é de 22 anos desde o cruzamento, dois anos mais jovem do que a média do Centro-Sul, o que indica renovação relativamente rápida do portfólio. Uma variedade, a IACSP04-6007, já aparece entre as principais, sinalizando a entrada mais recente do programa paulista nesse mercado.

O censo também calcula um “termômetro varietal” para cada estado e região, combinando indicadores de intensidade de plantio, idade média do canavial, perfilhamento, tombamento, precocidade, atualização e concentração. Áreas como Triângulo Mineiro, Assis, Jaú, S. J. do Rio Preto e Paraná apresentam, em geral, baixa concentração varietal e alta atualização, com idade média menor dos canaviais e presença marcante de cultivares lançadas nos últimos 15 anos. Em contrapartida, estados como Mato Grosso e parte de Minas Gerais (Norte–Centro–Leste, ES e RJ) ainda apresentam forte peso de variedades tradicionais como RB867515, RB855453 e SP80-1816, o que puxa para cima a idade média dos plantéis e demanda maior atenção a riscos sanitários e climáticos.

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