O foco da Solidaridad
Fundada há mais de 50 anos, a entidade que atua em mais de 40 países e em 2019 impactou 700 mil produtores, abrangendo uma área superior a dois milhões de hectares, nasceu a partir de um movimento iniciado na Holanda, cujo objetivo era reunir recursos para auxiliar agricultores e cooperativas de países da América Central (principalmente Nicarágua, Guatemala e El Salvador) que se encontravam numa situação bastante crítica em decorrência de perseguições políticas de governos ditatoriais.
A partir daí nasceu um movimento solidário de pessoas, sem a influência de governos ou empresas. Com o passar do tempo, ele foi evoluindo, contudo, segundo o diretor da entidade no Brasil, Rodrigo Castro, muita coisa mudou, mas o que não foi alterado é o espírito original: o de entender o produtor, de ir ao encontro de suas preocupações e desafios, e lhe proporcionar apoio e suporte.
Assim, era natural que mais cedo ou mais tarde a entidade chegasse na maior potência agroambiental do planeta, o Brasil. O desembarque foi há onze anos e hoje abrange oito cadeias produtivas, sendo elas: algodão, pecuária, cana-de-açúcar, erva-mate, laranja, cacau, soja e café.
Dentre os trabalhos estão iniciativas como “Territórios Inclusivos e Sustentáveis na Amazônia”, que consistem em promover manejos sustentáveis e de baixo carbono entre 225 famílias de pequenos produtores de cacau e pecuaristas de cria de Novo Repartimento-PA. O projeto fomenta o aumento da eficiência no uso das áreas disponíveis, elevando, assim, a produtividade, o que faz diminuir as emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa) e o desmatamento na localidade que anteriormente se encontrava com sérios problemas relacionados à degradação do solo.
Na soja, a organização desenvolve um programa focado na ampliação do cultivo no Matopiba (região que abrange áreas agricultáveis dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), constituído a partir da meta de introduzir a cultura em áreas de pastagem com baixa densidade de animais.
Outra frente envolve mais de 500 famílias de pequenos produtores de algodão, no norte de Minas e sudoeste da Bahia, que recebem o apoio para o uso de irrigação suplementar por gotejo, o que possibilita a introdução de melhores práticas agrícolas. Perante isso, a expectativa é que, em breve, as cooperativas locais comecem a ser certificadas com o selo BCI (Better Cotton Initiative), que reúne as maiores marcas mundiais da indústria têxtil.
Projetos de práticas sustentáveis também impactam produtores de erva-mate no sul do país; de laranja, no cinturão citrícola (São Paulo e Minas Gerais); e café, tanto de montanha como do cerrado mineiro.
Fonte:
Revista Canavieiros
Escrito por: Marino Guerra