Etanol avança como ‘arma’ contra emissões de gases poluentes
Apesar de ser empregado em veículos no Brasil desde a década 70, o etanol avança como ‘arma’ contra emissões de gases poluentes e ganhou nos últimos anos o reconhecimento por seus benefícios ambientais.
A princípio, é aqui que entra a cana-de-açúcar, matéria-prima do biocombustível, que sequestra gás carbônico, o CO2 que ajuda a formar o nocivo efeito estufa. E entra também a menor emissão desse gás pelo etanol na comparação com a gasolina fóssil.
A pedidos do portal Energia Que Fala Com Você; Marcelo Gauto, químico industrial especialista em petróleo, gás e energia, relata que um litro de gasolina gera 2,2 quilos de CO2 lançados na atmosfera, o biocombustível emite 0,24 gramas.
Como o Brasil produziu 31 bilhões de litros de etanol anuais em média entre 2015 e 2019, significa que o uso do biocombustível faz o Brasil deixar de emitir 42,5 bilhões de quilos de CO2 na atmosfera. Isso, segundo Gauto.
Esse montante equivale, também, ao plantio de 260,5 milhões de árvores. É o que explica o especialista. Leia aqui mais a respeito em texto divulgado em setembro de 2020.
Leia também: O papel dos biocombustíveis na redução dos preços da gasolina e do diesel
Califórnia importa etanol brasileiro em programa de reduções
Os ganhos ambientais permitidos pelo etanol chegam a outros países. Há décadas o biocombustível brasileiro entra no estado da Califórnia, nos EUA, onde existe programa de redução de emissões (leia aqui).
A compra do etanol brasileiro chama a atenção porque os EUA se tornaram o maior produtor mundial do combustível. A princípio, com pouco mais de 50 bilhões de litros por ano, contra 31 bilhões de litros produzidos em média anual no Brasil.
Em resumo, o etanol americano é praticamente 100% feito de milho, que não oferece os ganhos ambientais do derivado brasileiro produzido a partir da cana.
Estratégia contra emissões de gases poluentes em Fernando de Noronha
Recentemente, o biocombustível de cana obteve mais um reconhecimento como ‘arma’ contra as emissões de gases poluentes.
A organização WWF-Brasil apresentou estudo recente (acesse aqui) no qual indica o etanol como alternativa mais barata e viável no curto prazo no arquipélago de Fernando de Noronha.
Neste sentido, a ação começa a dar os primeiros passos para implementar o projeto Noronha Carbono Zero, que tem por meta limpar a matriz energética da ilha.
Segundo o WWF-Brasil, as análises mostraram que substituir a gasolina por etanol reduz as emissões de gases poluentes, como de efeito estufa em 77%. Já a adoção de veículos elétricos reduziria as emissões em 52% atualmente.
As emissões de gases de efeito estufa hoje na ilha provêm em 60% dos aviões; 30% da geração de energia elétrica com a fonte diesel e 9% dos veículos que circulam nos 17 quilômetros quadrados de extensão.
Conforme a instituição, o projeto conta com ações imediatas previstas e a adoção de veículos elétricos será efetivamente a primeira a passar à prática. Isto é, já está regulamentada por lei.
Só que, isolada, esta ação não reduzirá a emissão de gases poluentes, como é o caso do efeito estufa. “Fernando de Noronha começou a discutir um projeto carbono zero já em 2013. Em 2020, aprovou uma Lei de Veículos Elétricos”, destaca Ricardo Fujii, analista de Conservação do WWF-Brasil. “No entanto, seu abastecimento de energia ainda vem de termelétricas, fonte altamente emissora”.
Detalhe: 90% da fonte geradora de energia na ilha provém de geradores movidos ao poluente óleo diesel, enquanto os demais 10% são da fonte solar.
A fim de alcançar a descarbonização, por exemplo, a ilha precisa concluir a mudança da matriz energética como um todo.
As recomendações da organização incluem a ampliação do uso da energia solar fotovoltaica. Além disso, também a troca dos geradores eólicos danificados por outros mais potentes e eficientes e a adoção do biodiesel e da biodigestão dos resíduos sólidos orgânicos e esgoto.
Neste parágrafo explico que essas alternativas, quando utilizadas em conjunto, permitiriam a redução das emissões na ilha em quase 90% e teriam efeito positivo sobre as emissões geradas. Emissões essas transmitidas pelo transporte do óleo diesel entre o continente e o arquipélago, realizado a cada 10 dias aproximadamente e com a poluição do solo e da água, além de proporcionar novos empregos.
No entanto, a ação depende de investimentos e do alinhamento de iniciativas de diversos atores. Não exclui também a administração da ilha, legisladores estaduais, investidores, distribuidoras de eletricidade e combustíveis, empresariado e população local.
Em seu estudo, o WFF-Brasil realizou cálculos de eficiência (quilômetros rodados por litro). Na comparação mostra que os veículos elétricos emitirão mais CO2 que modelos a combustão movidos a etanol.
Como resultado, os benefícios dos elétricos só se efetivarão com a transição da ilha para uma matriz energética limpa. Isto inclui não produzir eletricidade a partir de geradores movidos a óleo diesel.
Afinal, diante a situação, o WWF-Brasil conclui que a alternativa mais barata e viável no curto prazo seria a adoção de biocombustíveis como o etanol.
Fonte: energiaquefalacomvoce.com.br