Mercado de açúcar inicia 2025 com pressão de baixa
Desafios climáticos e ajustes de oferta marcam o cenário global no início do ano
O mercado global de açúcar iniciou 2025 sob um tom de baixa, com preços mantendo-se em torno de 19 centavos por libra-peso após uma sequência de quedas nos últimos meses de 2024. As festividades de fim de ano contribuíram para a baixa atividade nas negociações, enquanto diversos fatores regionais influenciaram a oferta e a demanda.
Brasil: Produção robusta no Centro-Sul mantém pressão nos preços
No Brasil, a região Centro-Sul surpreendeu ao moer quase 603 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em 2024, superando expectativas iniciais. A produção de açúcar atingiu 40 milhões de toneladas na safra 2024/25, e o otimismo para 2025/26 cresceu com as chuvas de verão, que devem beneficiar o desenvolvimento da safra futura.
Esse cenário reforça uma tendência de baixa nos preços, como explica Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da Hedgepoint Global Markets: “Apesar de um ano marcado por seca e incêndios, o desempenho positivo da região Centro-Sul fortalece as expectativas baixistas, especialmente considerando a recuperação esperada no Hemisfério Norte”.
Índia: Atrasos na safra afetam produção, mas perspectiva permanece estável
Na Índia, a produção de açúcar registrou um atraso significativo de 17,8% (1,7 Mt) em relação ao ano anterior, reflexo das chuvas e das festividades de fim de ano, como o Diwali. Apesar disso, a moagem de dezembro apresentou estabilidade, alcançando 6,72 Mt, contra 6,88 Mt no mesmo mês de 2023. “Mantemos nossa projeção de 31 Mt para a safra, mas é necessário acompanhar de perto possíveis impactos de doenças e a redução da área plantada, mesmo com o clima favorável”, ressalta Lívea.
Tailândia: Condições climáticas impulsionam produção inicial
Na Tailândia, chuvas acima da média durante o desenvolvimento da cana favoreceram o início da safra. A produção nos primeiros 20 dias de moagem aumentou 6% em relação ao mesmo período da temporada anterior, totalizando quase 1,4 Mt. “O início antecipado da safra, quatro dias antes do ciclo de 2023/2024, também contribuiu para esses resultados”, destaca a analista.
América Central: Atrasos afetam Guatemala e El Salvador, mas recuperação é esperada
A produção na América Central enfrentou atrasos significativos, com impacto direto nos números da Guatemala e El Salvador. Na Guatemala, menos de 500 mil toneladas de cana foram processadas, contra mais de 2 Mt no mesmo período da safra anterior. Em El Salvador, a produção de açúcar caiu de 136 mil toneladas para 83 mil toneladas. “Embora esses atrasos sustentem uma perspectiva de alta de preços no curto prazo, espera-se uma recuperação ao longo da temporada, comparando-se à safra de 2023/2024”, analisa Lívea.
Cenário macroeconômico e impactos nos preços
Enquanto a disponibilidade europeia de açúcar branco limita ganhos nos prêmios dessa categoria, o fortalecimento do dólar frente ao real tem incentivado os produtores brasileiros a fixarem contratos futuros, exercendo maior pressão sobre os preços no curto prazo.
Com diferentes fatores globais moldando o panorama de oferta e demanda, o mercado de açúcar continua a enfrentar desafios no início de 2025, enquanto analistas permanecem atentos às dinâmicas regionais e climáticas que podem alterar o equilíbrio nos próximos meses.
Compartilhe este artigo:
Veja também:
Você também pode gostar
Confira os artigos relacionados: