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Agro brasileiro assume protagonismo na transição energética com liderança em bioenergia e desafios de descarbonização

O agronegócio brasileiro está no centro da revolução energética verde. É o que aponta o relatório “Dinâmicas de Demanda e Oferta de Energia pelo Agronegócio”, produzido pela FGV Bioeconomia. O estudo apresenta uma análise inédita e integrada do setor como grande consumidor e também protagonista na oferta de energia renovável, reforçando o papel estratégico do agro na matriz energética e na economia do país.

Com base em dados da FAO, IBGE, EPE e na base internacional GTAP-Power, o levantamento revela que o agro brasileiro consome energia com mais eficiência que a média global, mas ainda depende fortemente de combustíveis fósseis, especialmente o diesel, que responde por 73% da energia consumida diretamente no campo.

Por outro lado, o setor também responde por cerca de 60% da energia renovável disponível no país, com destaque para o etanol, o biodiesel, o biogás e o uso da biomassa da cana-de-açúcar e da lenha plantada. Se essa contribuição fosse desconsiderada, a participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira cairia de 49% para apenas 20%, segundo o relatório.

Eficiência, mas com riscos fósseis

A produção agropecuária nacional apresenta uma intensidade energética inferior à média mundial por hectare cultivado e por valor econômico gerado. Esse desempenho é impulsionado por fatores como clima tropical, alta produtividade e sistemas extensivos.

Contudo, o estudo alerta para a elevada dependência de diesel, o que deixa o setor vulnerável a oscilações de preço, riscos climáticos e geopolíticos. A eletricidade representa apenas 27% do consumo de energia na agropecuária, número próximo à média global, mas ainda limitado devido à baixa infraestrutura elétrica no meio rural.

Números que revelam a força (e a fragilidade):

73% da energia usada no agro brasileiro vem de combustíveis fósseis;

Brasil consome 1,4 GJ por mil dólares produzidos na agropecuária, menor que Canadá (2,3) e Argentina (2,0);

29,1% da oferta interna de energia (OIE) do Brasil em 2023 veio da bioenergia agropecuária;

Bioenergia do agro representa 60% das fontes renováveis disponíveis no país.

Fornecedor energético e agenda climática

Com a consolidação de programas como o Proálcool, o RenovaBio e o PNPB (biodiesel), o agro ampliou sua capacidade de produzir energia limpa. Hoje, é o maior provedor nacional de bioenergia moderna, abastecendo não só o setor de transportes com etanol e biodiesel, mas também indústrias como alimentos, papel e cerâmica.

Essa diversificação tecnológica inclui rotas de energia a partir de resíduos agroindustriais, como a lixívia da celulose, óleos vegetais e o milho. O estudo ressalta que o papel do agro vai além da geração de eletricidade ou biocombustíveis líquidos — ele é também base energética de indústrias com consumo intensivo de calor, onde alternativas fósseis ainda dominam.

O documento faz as seguintes recomendações estratégicas: expandir o uso de biocombustíveis no campo, substituindo gradualmente o diesel; eletrificar operações agropecuárias, aproveitando a matriz elétrica limpa do Brasil; investir em infraestrutura energética rural e políticas públicas de incentivo à eficiência e estimular a inovação nas cadeias bioenergéticas, integrando-as à bioeconomia tropical.

O estudo conclui que o agronegócio brasileiro tem papel central na transição energética nacional e pode se consolidar como exportador de soluções energéticas renováveis, além de alimentos. Ao assumir seu papel dual — como grande consumidor e grande provedor de energia — o setor fortalece a posição do Brasil em uma nova economia global de baixo carbono.

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