Consecana em foco: transparência e equilíbrio na defesa do produtor de cana

Revisão técnica do sistema mobiliza lideranças, associações e produtores em busca de justiça e sustentabilidade para a cadeia bioenergética
Por Almir Torcato
O setor bioenergético brasileiro tem em sua essência a força do trabalho no campo, a inovação tecnológica e a busca constante por eficiência. Mas nenhum desses pilares pode se sustentar sem um ambiente de governança transparente, com equilíbrio nas relações e respeito aos direitos de quem produz.
Esse tem sido o foco da Canaoeste e da ORPLANA (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) e de todas as associações representativas dos fornecedores de cana na atual discussão sobre a revisão técnica do Consecana.
O Consecana nasceu em um momento emblemático da história do setor: a desregulamentação promovida pelo fim dos preços oficiais da cana, do açúcar e do álcool, e a extinção do aparato estatal de regulação. Diante desse novo cenário, tornou-se urgente criar um sistema que garantisse previsibilidade, equilíbrio e justiça nas relações entre produtores e usinas.
O Consecana instituiu um conceito inovador: o produtor de cana não é apenas um fornecedor de matéria-prima, mas um verdadeiro sócio do produto final. O sistema de remuneração é baseado no faturamento da unidade industrial, de modo que o valor pago ao produtor reflete sua participação efetiva na geração de açúcar e etanol.
Não por acaso, o Consecana tornou-se referência internacional. Sua essência é promover relações equilibradas, garantindo que produtores e usinas estejam em pé de igualdade nas negociações. O sistema visa oferecer segurança, previsibilidade e transparência para todos os envolvidos. O modelo é utilizado por usinas e produtores que não integram as entidades fundadoras, justamente por reconhecerem sua eficácia e legitimidade.
Para manter esse equilíbrio é que o modelo necessita dessa revisão reivindicada pelos produtores. Neste contexto, promovemos no último dia 10 de junho, no auditório da Canaoeste, uma reunião de extrema importância, organizada em conjunto com a ORPLANA, onde produtores, técnicos e lideranças se uniram para lançar luz para o entendimento e esclarecimentos sobre o processo de revisão e também a quantas anda todo o trabalho do grupo executivo escolhido para tocar a revisão.
O sistema de remuneração da cana-de-açúcar, fundamental para a saúde financeira do nosso produtor, encontra-se no epicentro de um complexo sistema que exige o consenso entre entre ORPLANA e União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA).
O hiato provocado pela parte da indústria nas tratativas conforme comunicados que foram apresentados, reforça essa percepção e gera um sentimento de frustração em toda a cadeia produtiva.
Comunicados que apresentam valores sem qualquer lastro de acordo ou validação técnica não refletem a complexa realidade do mercado, deixando os produtores em uma situação bastante vulnerável, pois as margens cada vez mais apertadas colocam em risco a perenidade de toda a cadeia produtiva. A solução, como sempre defendemos, deve ser técnica e democratizada, garantindo a sustentabilidade de pequenos, médios e grandes produtores.
Devemos mantém a esperança de que o bom senso prevaleça e que a UNICA retorne à mesa de negociações e quanto a nós, os produtores podem esperar hombridade das associações na defesa dos nossos interesses, e que não mediremos esforços para encontrarmos a solução do impasse de forma equilibrada e transparente. Essa é a postura da Canaoeste: nosso compromisso é com a melhor entrega para nossos associados, protegendo seus direitos e garantindo que suas vozes sejam ouvidas.
Transparência, informação e representatividade
A Canaoeste nesse sentido cumpre seu papel primordial de informar e, acima de tudo, proteger o produtor. Em tempos de incerteza, é vital dissipar mal-entendidos, construir conhecimento sólido e reforçar a base de confiança entre as associações e seus membros.
Afinal, o sucesso e a manutenção do Consecana dependem, em grande parte, da atuação vigorosa das associações de produtores. São essas organizações que garantem a representatividade, defendem os interesses dos seus associados e promovem o diálogo institucional necessário para o aperfeiçoamento contínuo do sistema. Fortalecer as associações é fortalecer o Consecana.
Seguimos agora com atenção redobrada para a próxima reunião. Nossa expectativa é que a UNICA retome seu compromisso com o diálogo e com a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva.
A Canaoeste permanece atenta, atuante e, acima de tudo, ao lado do produtor.
Almir Torcato, gestor executivo da Canaoeste
Originalmente publicado na edição nº358 do JornalCana
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