Broca-da-Cana: danos irreversíveis e perdas concretas da produtividade

30/04/2019 08:18

A colheita avança na região Centro-Sul do Brasil e a cada hectare colhido, a presença da broca-da-cana (Diatraea saccharalis) é percebida, já que essa é uma praga presente em todas as regiões produtoras de cana do Brasil e a mais relevante delas segundo levantamentos do CTC! A cada safra R$ 5 bilhões são perdidos no Brasil em decorrência do ataque de broca, sendo as perdas distribuídas entre redução da produtividade (Agrícola – 60%) e menor qualidade na extração e fermentação (Industria – 40%). Por essa razão, a broca é um problema para todos: Usinas e Fornecedores.

As perdas agronômicas causadas pela broca são: morte de perfilhos na fase inicial da cultura (coração morto), redução na absorção e transporte dos nutrientes e água, enfraquecimento das plantas (favorecendo quebras e tombamento), brotação lateral, infecção por fungos e bactérias oportunistas (Colletotrichum e Fusarium), redução drástica da ART e quebra significativa da produtividade. Os dados mais recentes mostram que 1% de intensidade de infestação final de broca causa perdas de 0,77% a 2,90%, ou seja, para uma cana de 70 toneladas/hectare com 8% de infestação final de broca, o produtor está perdendo de 4 a 16 toneladas de cana por hectare!

O sucesso do controle de broca está apoiado em um sistema de manejo integrado dessa praga, considerando a utilização de agentes biológicos como a Cotesia flavipes e Trichograma galloi associados à aplicação de inseticidas químicos. O uso da cotésia é um dos maiores casos de sucesso para manejo integrado de pragas existentes na agricultura mundial, há muitos anos as usinas e fornecedores já utilizam essa tecnologia, porém com a proibição da queimada de cana houve um aumento expressivo das populações de broca, tornando a aplicação de inseticidas químicos fundamental para o controle dessa praga.

Pensando nisso, o produto a ser adotado deve possuir características que permitam a sua associação com os agentes biológicos, a famosa seletividade à inimigos naturais (Cotesia, Trichograma e formigas carnívoras), além de sistemicidade para proteger as partes novas da planta e alto poder inseticida, evitando reaplicação e garantindo um bom período de controle (mais de 60 dias).

Vale ressaltar que a parte mais nobre da cana (parte com maior quantidade de açúcar) são os colmos do “baixeiro”, aqueles emitidos logo que a cana começa seu desenvolvimento. Outro ponto é que os danos da broca são irreversíveis, ou seja, uma vez que a broca furou e entrou no colmo não é possível recuperar essa parte. Esses dois fatos são muito importantes para o manejo da broca, pois irão direcionar o timming da aplicação, é necessário proteger a cana desde o início do desenvolvimento.


Danos da broca nos colmos do “baixeiro”

O monitoramento da infestação é fundamental para o sucesso do controle e existem duas formas de avaliar a população de broca no campo: contagem de “broquinhas fora” e a mais nova metodologia que é a utilização de armadilhas com feromônio natural (fêmeas virgens). A praticidade da utilização das armadilhas é indiscutível e a melhor opção para os fornecedores, sendo utilizada 1 armadilha para cada 25 a 50 hectares de monitoramento.

Método de “Broquinha fora” / Método da Armadilha com Feromonio

A utilização de inseticidas para o manejo de broca, tem se mostrado nos últimos 10 anos como a principal ferramenta para manutenção do potencial produtivo do canavial e redução significativa nos danos causados por essa praga. Os dados disponíveis na literatura e nos trabalhos técnicos indicam reduções significativas quando é realizado o manejo com químicos associados aos agentes biológicos, considerando a utilização de produtos seletivos aos inimigos naturais.

Resultados de controle

Para um melhor entendimento sobre o retorno financeiro do tratamento com inseticidas é necessário conhecer o IIF (%) que é o Índice de Infestação Final (%) da área. Essa avaliação é feita através o corte de 125 canas por área e contagem de todos os colmos e dos colmos atacados pelo complexo broca (furos e galerias) e podridão (infecção por fungos e bactérias, causando vermelhidão). Dividindo os colmos atacados pelos colmos totais multiplicando por 100 o resultado é o Índice de Infestação Final (%) ou IIF (%).

Conhecendo o IIF (%) e utilizando a tabela abaixo você pode estimar as perdas que estão ocorrendo por causa do ataque da broca. A tabela considera a menor perda (0,77% toneladas de cana/hectare para cada 1% de IIF de broca) e a utilização do melhor inseticida disponível no mercado para o controle da broca (custo entre 1,0 a 2,0 toneladas de cana já incluída a  aplicação). Dessa forma em todas as células em amarelo ou verde o controle químico é economicamente viável já que foram consideradas apenas as perdas agrícolas.

Conhecendo o IIF (%) e utilizando a tabela abaixo você pode estimar as perdas que estão ocorrendo por causa do ataque da broca. A tabela considera a menor perda (0,77% toneladas de cana/hectare para cada 1% de IIF de broca) e a utilização do melhor inseticida disponível no mercado para o controle da broca (custo entre 1,0 a 2,0 toneladas de cana já incluída a  aplicação). Dessa forma em todas as células em amarelo ou verde o controle químico é economicamente viável já que foram consideradas apenas as perdas agrícolas.

O manejo de broca é fator fundamental para garantir o sucesso na produção sustentável e economicamente rentável da cana-de-açúcar. A utilização do manejo integrado de pragas (MIP) associando a utilização de Cotesia com um produto químico de alta seletividade aos inimigos naturais, potência inseticida e longo período de controle é a melhor forma de garantir produtividade e qualidade para o canavial. Mas isso vocês já sabem de cor!

Todo o conteúdo deste post é de inteira responsabilidade da FMC.

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Comentários
Franciele Romagnoli, enviado em 07/10/2019

Boa tarde! Qual a fonte que vocês utilizaram para o deflator em produtividade? (a cada 1% de infestação quebra de 0,7 a 2,9% em TCH)