A precipitação é uma das variáveis mais importantes à cultura agrícola, pois mediante o conhecimento da mesma, pode-se antever se haverá disponibilidade hídrica para as diversas fases do crescimento vegetativo, bem como tomadas de decisão, principalmente, quando há previsão de déficit hídrico, além de nortear quando e como serão realizados os sistemas de irrigação, com o intuito de minimizar os impactos negativos à cultura agrícola, no que tange às questões relacionadas a disponibilidade de água.

Dessa forma, são apresentados para os municípios que compõem a região da Canaoste o comportamento das chuvas em sua forma de média, valores máximos e mínimos, verificados durante um período de 30 anos. Isso constitui a climatologia das chuvas nesta região para os meses de Dezembro e Janeiro, conforme o quadro abaixo.

Quadro 1: Precipitação média, máxima e mínima dos municípios que compõem a região Canaoeste (valores em mm).

Ao ter conhecimento do padrão normal da quantidade de precipitação para os meses de dezembro e janeiro, que são períodos chuvosos e muitas vezes tempestuosos, podemos traçar o comportamento futuro das chuvas nestes municípios. O objetivo final é facilitar tomadas de decisão, principalmente nas atividades que envolvem a cana-de-açúcar.

Por meio de dados de modelos de previsão climática foi possível verificar as tendências da precipitação para a Região Canaoeste (círculo preto) para os meses de dezembro de 2023 (chuvas previstas entre 230 – 260 mm) e Janeiro de 2024 (chuvas previstas entre 260 – 360 mm), respectivamente, conforme apresentados.

El Niño na região Canaoeste?

O El Niño, começou de fato a ser estudado no século XX, no entanto, o mesmo já era percebido por algumas populações desde a época colonial, e mesmo assim, ainda não se conhece muito bem o seu impacto na Região Sudeste, principalmente na questão da precipitação.

Este ano de 2023 já está sendo considerado pela comunidade científica mundial um dos mais quentes, e forte candidato a ser o mais quente já registrado no planeta, desde que as medições são realizadas, e os impactos serão ainda mais extremos no clima mundial.

Para se ter uma ideia da complexidade do impacto do El Nino sobre as chuvas na região da Canoeste, nós podemos observar como foram os registros de precipitação dos anos passados que tiveram sob influência deste fenômeno. Em dezembro de 1986 os acumulados de chuvas ficaram entre os 350 mm e 500 mm na região, ou seja, muito acima da média. Já em janeiro de 1988, as chuvas ficaram muito abaixo da média, variando entre os 99 mm e 229 mm. O fato da região estar numa área de transição entre o Brasil central onde predominam as massas de ar quente e seca, quanto do sul do país, de onde vem as frentes frias, acaba causando essa forte variabilidade sazonal das chuvas em nossa região. Outro complicador é a característica das chuvas de verão, que muitas vezes ocorrem de forma isolada, localmente forte e rápidas não sendo registradas pelos pluviômetros.

Entretanto, cabe a nós conhecer um pouco do passado das chuvas em nossa região para os meses de dezembro e janeiro, e realizar um prognóstico de como serão os meses de dezembro de 2023 e Janeiro de 2024, como apresentado aqui. Isso nos permitirá compreender o quão próximos estamos de um maior conhecimento e compreensão do fenômeno El Niño em nossa região, e quais impactos este intenso evento causará por aqui.