Coluna Climática

O impacto do clima e suas variações na cana-de-açúcar e a tendência das chuvas para outubro e novembro de 2023

02/11/2023 08:00

As variações de tempo e clima impactam a vida da humanidade desde os tempos primórdios. E é sabido que todas – ou, pelo menos, a maioria das nossas atividades – são dependentes das condições e variações climáticas, sendo exemplo dessas atividades a agricultura, os transportes, o turismo, energia, dentre muitas outras.

No que tange à agricultura, mais precisamente à cultura da cana-de-açúcar, esta é bastante influenciada pelas condições climáticas, bem como por suas variações, que impactam todo o ciclo vegetativo dessa cultura.

De forma geral, a cana-de-açúcar, para obter o seu melhor desenvolvimento, necessita de três fontes principais, que são: a radiação solar, relacionada aos processos de fotossíntese e à presença de açúcares; a temperatura, relacionada ao crescimento da planta, bem como à sua estrutura radicular, e, por fim, a água, cuja importância reside no crescimento e desenvolvimento da cultura, de forma geral, com impacto direto na produtividade, sendo anos extremamente secos mais favoráveis a quedas na produtividade, por exemplo.

Geralmente, a safra da cana-de-açúcar tem início no mês de abril, finalizando em meados de novembro, experimentando, assim, uma variação climática significativa ao longo do processo vegetativo. Por exemplo, o período quente e úmido do ano favorece a fase de crescimento da cana, enquanto o tempo mais seco interfere mais na fase de maturação da cultura.

Diante dessa sazonalidade da cultura da cana-de-açúcar, é imprescindível o conhecimento tanto das previsões de tempo quanto – e principalmente – das previsões climáticas, bem como o acesso a elas. Além disso, os registros, ou seja, o histórico climático pode ser utilizado no planejamento anual da cultura, abrangendo todas as suas fases, desde o preparo de solo até a colheita, podendo, inclusive, nortear condições para maior ou menor produtividade, sendo de vital importância para tomadas de decisões.

No contexto geral, a previsão climática relaciona-se à estimativa do comportamento médio da atmosfera, por meio de variáveis como chuva, temperatura, vento, radiação solar etc., com antecedência de uma ou duas estações, uma vez que a previsão climática abrange de 3 a 6 meses à frente. Para isso, são utilizados modelos numéricos estatísticos, dentre outros modelos de previsão.

Dessa forma, considerando a importância das previsões climáticas, tanto relacionadas às questões de produtividade quanto ao grande impacto econômico, bem como logísticas e tomadas de decisão, a seguir serão apresentadas as previsões de chuvas (mm) esperadas para a região Canaoeste, para os meses de outubro e novembro de 2023. Lembrando que estamos em um ano sob condições do El Niño, que, por sua vez, deverá permanecer ao longo de todo o próximo verão, gerando um aumento significativo das temperaturas na maior parte do Brasil. Então, é de se esperar um provável aquecimento acima da média nesses meses da primavera e, consequentemente, uma antecipação do período chuvoso. Chuvas essas que poderão ser localmente fortes, pois estão de volta as “chuvas de verão”.

E como ficarão as chuvas na região no bimestre: outubro-novembro de 2023

              No mês de outubro de 2023, a precipitação acumulada na região Canaoeste (triângulo preto) ficará entre 150-200 (mm), valor este que estará, aproximadamente, 40% acima da média climatológica para esse mês.     No mês de novembro de 2023, a precipitação acumulada na região Canaoeste (triângulo preto) ficará entre 250-400 (mm), valor este que estará, aproximadamente, 90% acima da média normal de chuvas para o mês. Assim dizendo, a previsão climática indica que, nesse mês, as chuvas, de forma geral, serão mais volumosas nessas áreas sucroenergéticas.

     A previsão de chuva (mm) e sua anomalia para o bimestre outubro-novembro de 2023 para as áreas sucroenergéticas da região Canaoeste estão sumarizadas na Tabela a seguir, que tem como objetivo auxiliar nas tomadas de decisões no decorrer do referido bimestre, bem como em soluções de logísticas e nos demais planejamentos acerca do comportamento do clima, em termos de chuva, com impacto na cana.       

                  

Percebe-se que o modelo do INPE está com um forte viés de colocar as chuvas com tendência acima da média, muito influenciado pelo fenômeno El Niño, que costuma gerar muitas chuvas no sul do Brasil e que, às vezes, se refletem no estado de São Paulo. Portanto, um ponto importante a se observar é que, caso essas chuvas muito acima da média venham a ser registradas em novembro, é muito provável que sejam em locais isolados, principalmente aqueles que venham a registrar uma pancada forte de chuva, que pode ocorrer já a partir deste mês.

  Ressalta-se que as previsões aqui apresentadas são oriundas de modelo de previsão climática e, por serem resultados numéricos, podem conter algum grau de incerteza tanto em volume de chuva quanto em localização, principalmente nesses meses de transição de estações do ano, como outubro e novembro, que, às vezes, registram condições similares ao inverno no verão, o que também ocorre durante o outono.

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