Você é a força da Associação
O fortalecimento das organizações representativas da sociedade sempre foi primordial no desenvolvimento da economia brasileira e, hoje, nunca se fez tão importante para o setor sucroenergético, ainda mais em um tempo em que a concorrência e a competitividade estão cada vez mais acirradas.
Cada grupo econômico procura, incessantemente, melhorias nos resultados, em uma busca incansável por lucros, o que pode tornar os círculos de relacionamentos entre fornecedores de cana e usinas cada vez mais difíceis. Nesse contexto, as entidades de classe aparecem como elo em defesa dos interesses de seus associados, o que recai sobre a perspectiva da construção de uma relação mais justa sempre. Como, então, evoluir para uma cultura de coletividade e ética se, individualmente, tantos estão desesperançados, buscando a própria subsistência na atividade com margens tão dramaticamente reduzidas?
No modelo atual, as atualizações no setor sucroenergético pela inserção e/ou aumento da participação de grandes multinacionais exigem o envolvimento efetivo das associações para traçar estratégias que minimizem os impactos gerados neste novo cenário. Como já feito em outras ocasiões, as associações de classe e as cooperativas de fornecedores de cana podem ser fortalecidas por meio de ações “políticas” e/ou profissionalizantes, de modo que os produtores possam manter e modernizar suas representações.
Foi com o trabalho de organizações de classe (seja de produtores de cana ou de indústrias de açúcar e álcool) que se alteraram os sistemas de entrega e de pagamento e novas tecnologias prosperaram e resultaram no incentivo à produção alcooleira e dos automóveis flex, além de programas de melhoramento genético para o desenvolvimento de variedades mais produtivas e resistentes, técnicas de plantio e colheita e para o controle de pragas.
A realidade que nos cerca hoje é motivo para um olhar diferenciado, inclusive em virtude das novas demandas, em que a atuação das associações se faz cada vez mais necessária. Só para elencar algumas, temos a questão do código florestal, a participação justa do produtor na lei do RenovaBio, a revisão do Consecana, considerando- -se a diversificação de produtos da cana, além do açúcar e do etanol, como a energia, por exemplo, entre tantas outras questões a serem ainda pacificadas nessa relação de equilíbrio da cadeia.
Gostaríamos que esse limite fosse mais elástico e, de certo modo, o é, mas num tempo de crise, em que você não se sente representado, contemplado ou atendido em suas necessidades, é importante ser realista e ver qual a sua responsabilidade nisso: quantos recebem os benefícios das conquistas de associações sem fazer parte dela?
E, nesse contexto, propomos uma reflexão sobre a chamada Lei de Gérson, originada na década de 1970, quando Gérson, o famoso jogador de futebol, em um comercial publicitário, disse a icônica frase: “Eu gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve você também”, que segue sustentada por aquelas pessoas que têm um comportamento com características individualistas, que pouco se envolvem nas lutas em grupo, mas que gostam de se aproveitar do esforço alheio para, mais tarde, gozar dos benefícios conquistados. Isso nos traz o questionamento sobre a obtenção de vantagens de forma indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais.
A Canaoeste busca, sempre de forma nobre, viver a cidadania e afirmar valores, além de congregar pessoas com interesses comuns, unindo forças, para, com maior eficiência, reivindicar demandas. De longe, o cenário perfeito seria a interação e a ajuda mútua, ou seja, uma conjuntura perfeita que permitisse a cooperação, a participação e a responsabilidade na luta por ideais da classe. Principalmente na luta em relação às incertezas do campo, falta de valorização do produtor rural, que, às vezes, é tratado de maneira até jocosa pelas esferas governamentais, quando a aprovação de determinada lei pode ir contra todos os anseios de quem está, no dia a dia, produzindo para colocarmos o Brasil na posição de destaque que ele merece em relação à produção de alimentos.
Por vezes, para garantir essa representatividade e nos fazer presente nesse espetáculo democrático, há um custo, e não é baixo. O cenário atual, diante de suas necessidades, não permite negativismo. Precisamos de ações pontuais na economia, e puxar a rédea de uma carruagem desenfreada não é fácil. Nossa geração de fornecedores independentes de cana-de – açúcar precisa, porém, REVOGAR a Lei de Gérson e que todos assumam, juntos, a responsabilidade por uma mudança que leve em conta não os interesses individuais, mas de uma coletividade.
O associativismo e o cooperativismo, nesse conceito, têm sido cada vez mais cruciais no papel de unir forças para enfrentar os tempos difíceis. Faça parte dessa mudança você também. Procure sua associação, valorize sua história, sua classe e lute por ela, pois, só assim, você poderá ser representado de forma eficaz e eficiente.
Almir Aparecido Torcato – Gestor Corporativo