Biosev pauta suas metas com base na realidade
Ao observar a mudança no texto “Visão da Empresa” que anteriormente dizia “Liderar o setor sucroenergético gerando resultados sustentáveis, a partir da terra, de parcerias e do conhecimento, produzindo de modo eficiente alimentos e energia para servir aos nossos clientes”, e agora diz “Uma empresa segura, eficiente e rentável que valoriza a simplicidade, as pessoas e que contribui para o desenvolvimento das comunidades onde atua”, é possível perceber que alguma mudança realmente está em curso dentro da Biosev.
A inauguração dessa intenção de nova era foi o encontro de fornecedores e parceiros de cana-de-açúcar que a empresa promoveu no mês de novembro, em Ribeirão Preto.
Iniciando os trabalhos, o diretor-presidente do grupo, Juan Jose Blanchard, fez um breve discurso, no qual reforçou a meta da empresa por rentabilidade e, para evoluir cada vez mais nesse quesito, disse que todos estão empenhados em captar as oportunidades que surgirem.
Neste ponto, citou o investimento em 70 colhedoras novas, a conquista no recorde do mix alcooleiro através da instalação de novas colunas de destilação e a parceria com a Datagro, no sentido de alcançar novos resultados.
“Vamos fazer de maneira simples, seremos rentáveis. Não precisamos ser o maior produtor de cana, precisamos ser eficientes”, disse Blanchard. Diante deste pensamento, ele justificou a venda das duas unidades industriais nordestinas: “Lá era outra dinâmica de negócio, outra agricultura que quase não criava sinergia nenhuma com o restante do grupo”.
Em seguida, assumiu o púlpito a diretora comercial, de suprimentos e originação da Biosev, Dorothea Soule, que apresentou diversos indicativos mostrando que a companhia já respira novos ares. Dentre eles estão o aumento em 18% do mix de etanol desde a safra 16/17, a modernização das operações com investimentos em tecnologia da informação, o plantio de 32 mil hectares de cana e o ganho de 12,5% em produtividade, chegando a 88 t/ha.
Outro assunto tratado pela executiva foi o preço do ATR, mais especificamente a projeção para a safra 20/21. Ela aposta na manutenção da tendência de alta fechando a R$ 0,678 /kg, valor sustentado ainda pelo bom ambiente de negócios do etanol.
O professor e colunista da Revista Canavieiros, Marcos Fava Neves, foi convidado a mostrar o que pensa sobre a relação entre fornecedores e usinas e para isso criou uma lista de 10 itens de planejamento para a construção de margens na cultura ao longo dos anos de 2019 a 2028.
Nesta lista ele destacou quatro fatores que pedem maior atenção: o mercado internacional de açúcar (subsídios e também problemas com a imagem), o custo crescente do valor do arrendamento da terra e o endividamento do setor que se mantém demasiadamente alto, os hiatos de produtividade industrial e a falta de união entre produtores e fornecedores, fazendo com que interesses conflitantes desfoquem a atenção para temas de maior relevância e que beneficiariam o setor como um todo.
Os seis itens restantes foram classificados por ele como oportunidades, sendo o de maior magnitude o potencial de crescimento de consumo do etanol ainda num cenário com os motores nacionais, em sua grande maioria, serem flex.
A implementação do RenovaBio e também outros programas de biocombustíveis como a mistura de 10% de etanol à gasolina na China e a premiação por eficiência e tratamento tributário adequado à energia vinda de cogeração foram oportunidades de segunda maior relevância, de acordo com o professor.
Na terceira colocação ficou o ganho de eficiência agronômica e dentre os diversos assuntos ligados a essa matéria ele destacou a especialização nas atividades, a agricultura por metro quadrado, a economia colaborativa ou compartilhada e os processos integrados e circulares como os principais no combate ao desenfreado crescimento no custo de produção e queda na produtividade vivenciados pelo setor desde o fim do corte da cana queimada.
Ainda na sua lista foram contempladas as questões geopolíticas e econômicas (guerras comerciais, medidas protecionistas, volta do crescimento econômico no Brasil e valorização do real), preços do petróleo, competitividade da gasolina e fontes alternativas (açúcar, energia e transporte) que possam ameaçar os produtos da cana.
Um painel formado pelos fornecedores Celso Torquato Junqueira Franco e Fabiano Ravagnani, e o gestor da Canaoeste, Almir Torcato, sucedeu a apresentação de Fava Neves. Contudo, o assunto permaneceu o mesmo – geração de valor.
Sobre esse aspecto, Torcato se posicionou dizendo que cabe a uma associação entender o perfil do produtor de sua área de abrangência e, em cima disso, definir quais formas ela pode atuar para atender algumas necessidades. “Não dá mais para entregar um caminhão ao produtor que precisa de uma bicicleta naquele momento”, exemplificou.
Já Junqueira lembrou da destruição da cadeia de valor ocasionada pelos preços dos arrendamentos hipertrofiados. “Tanto as usinas como os fornecedores precisam se organizar para reduzir a concorrência desordenada de busca por área para se plantar cana, não dá para ter mais a situação que temos hoje, onde quem ganha mais é quem não produz”.
Neste sentido, Ravagnani contou sua experiência, de funcionário do departamento agrícola de uma das unidades do grupo para fornecedor, assumindo áreas repassadas pela Biosev.
Para encerrar o evento foi entregue o prêmio “Mais Cana”, uma premiação simbólica aos fornecedores que entregaram a cana com o maior número de ATR por hectare. Na unidade Continental, localizada em Colômbia-SP, em segundo lugar, ficou o produtor Eder Wilson Ulian e o primeiro foi Nelson Calegari.
Na MB, o vice-campeão de produtividade foi o fornecedor Mário Vinícius de Almeida, enquanto Sérgio Antonio Daher foi o mais produtivo. Na vizinha Vale do Rosário, a produtora Renata Paolielo Junqueira e o agricultor Eduardo Junqueira Pereira ficaram em segundo e primeiro lugar, respectivamente. Os melhores da Santa Elisa foram Albert Cavalini Anholeto e Elsio Renato Perissin.
Fonte: Revista
Canavieiros
Escrito por: Marino Guerra