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Análise estratégica do mercado e cenário geopolítica marca evento de abertura de safra 2025/26 da Canaoeste

A Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) promoveu, no dia 25 de abril, seu tradicional evento de Abertura de Safra, reunindo produtores, especialistas e autoridades do setor sucroenergético no Auditório Fernandes dos Reis, em Sertãozinho – SP. O encontro marcou o início da safra 2025/26 e trouxe importantes reflexões sobre os desafios e oportunidades do setor diante de um cenário global em constante transformação.

Um dos destaques do evento foi a palestra do diretor da Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o Caio Carvalho, que apresentou uma ampla análise do mercado de açúcar e etanol, além de uma leitura geopolítica dos fatores que podem influenciar diretamente o desempenho da agroindústria canavieira nos próximos meses.

Carvalho abordou a instabilidade dos preços internacionais, os efeitos das variações climáticas regionais e os impactos das barreiras comerciais. Segundo ele, as oscilações no mercado devem influenciar fortemente as decisões dos produtores na escolha de práticas de manejo, exigindo planejamento estratégico e adaptação contínua. “Estamos diante de uma ‘colheita de realidade’, e não de um otimismo ilusório”, afirmou.

Usando a metáfora do “cisne negro”, Carvalho relembrou como eventos inesperados — como a ascensão de políticas protecionistas nos Estados Unidos, impactam diretamente o setor. Segundo ele, medidas unilaterais têm enfraquecido o multilateralismo e gerado desafios comerciais ao Brasil, especialmente no mercado de açúcar.

No âmbito global, Carvalho falou sobre o “jogo geopolítico” que coloca em risco a segurança alimentar e energética mundial. Em sua análise, países como EUA, China, Rússia e nações árabes assumem posições estratégicas que remodelam as regras do comércio internacional. Ele destacou o aumento da participação dos EUA na economia global e o papel crescente do Brasil como fornecedor confiável de soja, carne e açúcar — uma janela de oportunidade para o país ampliar acordos comerciais, como o Mercosul-União Europeia.

Outro ponto abordado foi o futuro dos biocombustíveis. O diretor da Canaplan criticou a saída dos EUA do Acordo de Paris e a crença de que apenas as energias renováveis serão suficientes. Para ele, a “adição energética” que inclui fósseis ainda será essencial por muito tempo. Ele também comentou sobre a possível adoção da mistura E30 no Brasil, que poderia impulsionar a demanda por etanol, mas que ainda depende de decisões regulatórias.

Caio Carvalho defendeu o fortalecimento das associações de classe como forma de garantir representação ativa dos produtores diante das incertezas do mercado internacional. “O produtor precisa de amparo institucional, de entidades fortes, que falem por ele em momentos de crise e oportunidade”, disse.

Safra 2025/26: moagem entre 562 e 577 milhões de toneladas

Durante sua exposição, o consultor também apresentou dados da safra 2023/24, revelando uma variação significativa de produtividade entre as unidades produtoras e uma redução de aproximadamente 200 mil hectares na área plantada. “Esse dado, pouco divulgado, é essencial para compreender o recuo na produção total”, disse.

Em relação ao Centro-Sul, Carvalho destacou a disparidade de rendimento entre usinas, que varia de 72 t/ha a 94,5 t/ha, e alertou para a juventude média dos canaviais, que pode comprometer a produtividade. Fatores como chuvas irregulares, atraso no ciclo vegetativo, falhas no plantio e envelhecimento de áreas não renovadas também foram apontados como pontos críticos para a safra 2025/26.

A Canaplan projeta para a safra 2025/26 uma moagem entre 562 e 577 milhões de toneladas de cana, com produtividade entre 73 e 75 t/ha. A consultoria também prevê uma produção de açúcar abaixo das expectativas do mercado, entre 38,6 e 39,7 milhões de toneladas, alertando para um excesso de otimismo nos números mais disseminados. Para o etanol, a previsão é de que a produção total chegue a 32,8 bilhões de litros, alavancada especialmente pelo etanol de milho, que tem se consolidado como alternativa complementar e estratégica.

Segundo Carvalho, apesar do avanço em produtividade, há preocupação com o aumento de custos, especialmente ligados à dependência de fertilizantes importados, cuja alta já começa a pesar no bolso dos produtores. Essa vulnerabilidade pode comprometer a rentabilidade da safra, exigindo respostas mais estruturais por parte da cadeia produtiva e do governo.

Por outro lado, o setor tem motivos para manter o otimismo: as novas variedades de cana desenvolvidas pelo IAC e pela CTC mostram resultados concretos no campo. “É importante comemorar essas inovações que já mostram resultados”, afirmou Carvalho.

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