Mercado de biológicos segue em expansão
Pesquisas que asseguram estabilidade do produto viabilizam sua implementação.
A expansão do tratamento com biológicos na cultura do canavial foi o tema do quarto episódio do Canaoestecast, o podcast da Canaoeste. Sob a condução do gestor da CanaoesteBio, André Bosch Volpe, e com participação da engenheira agrônoma, mestre e doutora em biotecnologia, especialista em microrganismos para uso agrícola e consultora da Canaoeste Paula Machado e a bióloga Maysa Correa.
Volpe destacou a mudança que o mercado de biológicos vem sofrendo ao longo dos últimos anos, principalmente com o ingresso de grandes companhias e com a crescente preocupação com a questão da sustentabilidade. “Uma mudança de cenário completa quando a gente fala de controle biológico para a cana teve uma explosão do mercado. Acredito que a pandemia ajudou nisso, porque a gente teve uma crise de insumos e os biológicos estavam aí disponíveis. Além de todos os benefícios que têm os biológicos para a agricultura em si, tem toda essa parte da sustentabilidade que está em alta”, destacou Volpe.
“Lembrando que o tema tem ganhado pautas bastante fortes dentro da Associação, impulsionadas por projetos como o SEMEIA, que estimula as boas práticas em busca de certificações e que também, de certa forma, estimulou a criação da biofábrica, para atender às demandas dos associados”, disse.
Paula narra que, entre 2013/2014, “não tínhamos a perspectiva que o cenário seria esse de hoje. Mas, graças aos excelentes trabalhos desenvolvidos, isso foi tomando corpo. Mas ainda hoje existe um certo tabu em relação à aplicação de bioinsumos. O manejo integrado de pragas e doenças foi um diferencial para o crescimento de bioinsumos, pois os químicos e biológicos podem atuar juntos e o segmento tem muito potencial ainda para crescer “, avalia.
Se, alguns anos atrás, a inconsistência deixava uma sombra na utilização dos biológicos, a situação hoje é bem diferente, embora ainda existam gargalos para ampliar a disseminação dos biológicos. Na avaliação de Paula, um dos desafios a ser superado é a necessidade de profissionais qualificados para acompanhar todas as etapas do processo.
“Temos que atender critérios legislativos, ter profissionais qualificados para acompanhar todas as etapas e, dentro da fermentação sólida, esse é um dos gargalos e, no caso da líquida, o alto custo inicial de implantação”, destacou a especialista.
Ao ser questionada sobre as vantagens dos modelos de implantação (líquida ou sólida), Paula ressalta que, de uma forma geral, não existe um melhor que o outro. “Vai de uma análise caso a caso. O que pega na fermentação líquida é o alto custo do processo”, enfatizou.
Outra grande preocupação de quem trabalha com os biológicos é de como alcançar a estabilidade em sua utilização. Segundo Paula, existe uma soma de fatores que fazem parte da formulação. “Precisamos saber de que forma ele será aplicado e a embalagem é muito importante, dentre uma diversidade de fatores”. Dentro desse aspecto, Maisa ressalta a importância do controle de qualidade em todas as etapas do processo. “É o que vai garantir que o produto está sendo finalizado sem contaminantes. Passam por uma série de testes, de concentração, crescimento, entre outros”, informa Maisa.
Paula lembrou também a necessidade de se seguirem as instruções à risca, cumprindo rigorosamente o que está na bula do produto. “Os cuidados com o armazenamento são de extrema importância, como se ele deve ser armazenado em baixas temperaturas, uma forma de estabilizar o microrganismo, por um determinado tempo. É importante cumprir o que está na bula do produto. Quando se fala em temperatura ambiente, geralmente é na casa dos 28 graus”, explicou.
Paula ressaltou a importância, para o segmento da Canaoeste, de se ter adotado a iniciativa de implementação de sua biofábrica. “Essa iniciativa é importante para elevar a sustentabilidade na cultura canavieira e também a tecnologia que vem sendo aplicada, que realmente é de primeiro nível”, destacou.