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Etanol em 2030 – Redução dos gases de efeito estufa passará, obrigatoriamente, pelo etanol

RenovaBio

Não tem outro remédio. Pelo menos ao longo do processo de redução de emissão dos gases de efeito estufa o mundo terá que baixar a guarda e admitir o etanol em suas respectivas matrizes energéticas.

Isso porque é claro que não dará tempo, segundo as metas do Acordo de Paris, do processo de eletrificação dos motores ser implementado numa porcentagem alta em decorrência de dois fatores: a criação de uma rede de pontos de recarga de forma que atenda à necessidade de uma grande frota e, principalmente, a geração de energia limpa.

A prova de que esse panorama está caminhando a passos largos rumo à realidade é a questão da China, que em breve deve anunciar a mistura de 10% em sua gasolina, além de movimentações no mesmo sentido na Índia e alguns países europeus.

Se o mundo segue este sentido, imagina então o Brasil, país referência quando se fala em etanol. Diante de tal conjuntura, embora o biocombustível tenha um mercado bastante livre, foram criados programas governamentais, não seguindo uma razão protecionista, mas com a missão de dar previsibilidade e remuneração pelos ganhos ambientais gerados pelo setor.

Assim, o RenovaBio é com certeza o grande símbolo. No entanto, outras medidas também foram criadas, até para suprir áreas que o programa principal não consegue atingir. Dentre elas, uma de extrema importância é o Rota 2030, cujo objetivo é aumentar a importância da indústria automobilística nacional perante o mundo através da concessão de incentivos fiscais para quem investir em Pesquisa & Desenvolvimento.

Sobre esse assunto, o diretor técnico da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Henry Joseph Junior, e o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar de Valorização do Setor Sucroenergético, Arnaldo Jardim, tiveram a oportunidade de expor seus pontos de vista em um painel durante a Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol.

O primeiro a falar foi o representante da indústria automobilística, que acredita no aumento significativo do grau de eficiência dos motores a combustão em decorrência do incentivo em pesquisa que o Rota 2030 proporciona, fator que corrigirá a famosa conta dos 70%, tão usada pelos donos de carros flex, para decidir se abastecem com etanol ou gasolina.

Joseph aponta que um dos principais fatores favoráveis à construção desse cenário é a queda dos impostos de importação de autopeças – caso a montadora esteja investindo no desenvolvimento de tecnologia nas suas unidades brasileiras -, o que será de fundamental importância para acelerar o projeto, relacionado ao motor elétrico cuja a fonte de energia é o etanol, capaz de recarregar a bateria através das células de combustível presentes, em número relativamente alto, em sua composição.

Em seu discurso, Jardim lembrou da luta política para inserir os biocombustíveis no texto do Rota 2030, o qual já estava sendo encaminhado para os trâmites de aprovação sem nada específico ao tema.
Na visão do líder político, como o Brasil é referência global em energia renovável e biocombustíveis, nada mais natural que as montadoras destinassem para cá seus centros de desenvolvimento nesta área.

Outro ponto que ele espera evolução com o programa é sobre a melhora no conceito de se medir a eficiência energética de um carro. Jardim aponta a necessidade de se mudar as normas e ampliar os cálculos contemplando o conceito “do poço à roda”, que analisa toda a emissão do combustível que movimenta o veículo, adicionando inclusive o seu consumo.

Jardim ainda abordou os momentos importantes sob a ótica tributária que o setor enfrentará num futuro próximo e elencou dois desafios. O primeiro é sobre a questão da reforma, em que tanto a proposta vinda da Câmara dos Deputados, como do Senado, pode ocasionar perdas importantes conquistadas pelo setor.

O segundo ponto é quanto à questão de tributação dos Cbios, certificados que terão função de moeda dos créditos de carbono gerados através do RenovaBio, que precisam ser equacionadas o mais rápido possível. Caso contrário, dificilmente o programa passará confiança ao capital que aguarda sua implementação para investir no setor.

Ao final do debate com a mediação do jornalista especialista no setor automotivo, Fernando Calmon, que contribuiu com informações de como está se movimentando as principais indústrias do setor, ficou claro que, sob o ponto de vista industrial, o foco é buscar a eficiência elétrica do motor, pouco importando a fonte.

Neste sentido, a obrigação de proporcionar energia limpa cai sobre os governos. Assim, num recorte interno, cabe à indústria nacional gerar valor para as suas matrizes quanto ao uso dos biocombustíveis, fazendo com que no futuro haja diversas tecnologias não restritas apenas internamente, mas disponíveis para o mundo todo.

Fonte: Revista Canavieiros

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