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Expansão da cana redefine mapa produtivo e desloca polos tradicionais

Estudo da Embrapa Territorial mostra avanço da cultura em Goiás e Mato Grosso do Sul e reconfiguração regional da produção agropecuária brasileira

A geografia da produção agropecuária brasileira passou por uma reconfiguração profunda nas últimas duas décadas. Levantamento da plataforma SITE-MLog, da Embrapa Territorial – SP, mostra que a concentração espacial das principais culturas vem se alterando desde os anos 2000, acompanhando a expansão das cadeias de exportação e a ocupação de novas fronteiras agrícolas. Regiões antes dominantes perderam espaço, enquanto novos polos de produção emergiram com força.

Entre as culturas analisadas, a cana-de-açúcar apresenta o caso mais emblemático de redistribuição produtiva. Em 2000, o chamado Grupo 25 (G25), que reúne as microrregiões responsáveis por um quarto da produção nacional, era composto por seis polos tradicionais: Araraquara, Jaboticabal, Jaú, Ribeirão Preto e São Joaquim da Barra, em São Paulo, além de São Miguel dos Campos, em Alagoas. Em 2023, Jaú e São Miguel deixaram o grupo, apesar do crescimento de quase 30% na produção jauense. Por outro lado, novas regiões assumiram protagonismo: Presidente Prudente e São José do Rio Preto – SP, Sudoeste de Goiás – GO e Uberaba – MG.

Ao ampliar a análise para o Grupo 50 (G50), que responde por metade da produção nacional, a mudança é ainda mais evidente. Em 2000, havia presença relevante no Nordeste. Já em 2023, a concentração se limita a São Paulo e áreas adjacentes em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. Segundo a Embrapa, o volume nacional de cana praticamente dobrou entre 2000 e 2023, resultado da expansão para novas fronteiras e do incremento moderado das áreas tradicionais. O fenômeno reflete o avanço da cultura sobre regiões de Cerrado, impulsionado por ganhos tecnológicos e pela busca de novas áreas mecanizáveis.

No caso da soja, a expansão também foi significativa, mas seguiu um padrão diferente: a cultura se espalhou, reduzindo a concentração geográfica. O crescimento, moderado nas áreas tradicionais, foi acompanhado pela ocupação de novas frentes no Matopiba, norte de Mato Grosso, Pará e metade sul do Rio Grande do Sul. Segundo analistas da Embrapa, esse movimento se deu majoritariamente sobre pastagens degradadas, representando uma ocupação mais diversificada e sustentável.

O milho, em contrapartida, apresentou trajetória oposta. Apesar de o volume colhido ter quadruplicado — de 8 para 34,9 milhões de toneladas entre 2000 e 2023 —, a produção tornou-se mais concentrada. As microrregiões de Alto Teles Pires – MT, Sinop – MT, Sudoeste de Goiás – GO e Dourados -MS passaram a responder por 25% do total nacional, substituindo o grupo mais disperso de 13 microrregiões que compunha o G25 no início do século.

Para o pesquisador Farias, o avanço do milho está diretamente ligado ao sucesso da segunda safra no Centro-Oeste, viabilizada pela combinação de cultivares mais precoces e ajuste fino do calendário agrícola. “O milho safrinha tornou-se uma alternativa econômica robusta, mas sua exigência climática elevada limita a expansão para outras regiões, o que acentua a concentração”, explica.

O chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, destaca que o novo arranjo produtivo reflete o uso intensivo de tecnologia e de sistemas integrados. “A sincronização entre soja e milho, com variedades adaptadas e ciclos mais curtos, permitiu aproveitar melhor as janelas de plantio e consolidar um modelo de duas safras por ano em diversas áreas do país”, conclui.

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