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Protecionismo americano acende sinal de alerta para o agro brasileiro

Tensão entre China e Estados Unidos pode abrir espaço para o Brasil no mercado global, mas cenário ainda é incerto

A intensificação da tensão entre China e Estados Unidos, somada ao avanço do protecionismo americano, pode abrir uma janela estratégica para o Brasil ampliar sua presença no mercado global de alimentos. Esse foi um dos principais pontos da análise feita por Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), durante o evento de abertura da safra 2025/2026, promovido pela Canaoeste em Sertãozinho-SP.

Segundo Carvalho, o Brasil se encontra em posição vantajosa em meio à disputa comercial entre as duas maiores potências do mundo. “Se esses dois continuarem com a guerra e com as tarifas, o Brasil certamente terá uma das maiores oportunidades de exportação de commodities para a China e os países asiáticos”, avaliou. O especialista destacou, também, que a Europa também pode acelerar a assinatura do acordo com o Mercosul, o que beneficiaria diretamente Brasil e Argentina.

Apesar das oportunidades, o cenário exige cautela. A qualquer momento, uma reaproximação entre os dois gigantes pode fechar as portas que hoje parecem estar se abrindo ao agro brasileiro. “Se houver um acordo em que a China volte a comprar mais commodities agrícolas dos EUA, como fazia antes, o Brasil pode perder espaço”, alertou. Para ele, o país não pode se dar ao luxo de agir por impulso ou ideologia.

Inversão de papéis

Essa disputa ocorre em um momento de profunda transformação no comércio global de alimentos. Nas últimas décadas, o Brasil deixou de ser importador para se tornar o maior exportador líquido de commodities agrícolas do mundo, enquanto os Estados Unidos, antes líderes absolutos nas exportações, passaram a depender cada vez mais de importações. Atualmente, produtos como frutas, vegetais e carnes ocupam lugares significativos nas compras externas dos norte-americanos.

Paralelamente a essa inversão de papéis, cresce a preocupação com o avanço do protecionismo nos EUA. O país, que historicamente defendia o livre comércio, adota agora uma postura cada vez mais fechada, priorizando acordos bilaterais que podem excluir grandes exportadores como o Brasil. Essa tendência ameaça a competitividade internacional do agronegócio brasileiro e exige atenção redobrada nas estratégias comerciais do país.

Mercado do petróleo

Além das disputas comerciais e ambientais, o presidente da ABAG também destacou a influência crescente do petróleo sobre o comportamento das commodities agrícolas, especialmente os biocombustíveis. Ele explicou que, nos últimos anos, houve uma correlação cada vez mais forte entre o preço do barril e o valor de grãos e derivados. “Olhar para o petróleo é fundamental para entender o que vai acontecer com os nossos produtos”, pontuou.

Segundo a análise apresentada, a recente queda nos preços do petróleo, com o barril girando em torno de 64 dólares, pressiona produtores norte-americanos. Ao mesmo tempo, países como Rússia e Arábia Saudita têm restringido a oferta para sustentar os preços. Essa movimentação integra um xadrez geopolítico ainda mais complexo, que envolve interesses estratégicos em acordos como o de Abraão, entre Arábia Saudita e Israel, e pressões sobre o regime de Vladimir Putin, financiado em grande parte pela receita do petróleo.

Para Carvalho, a manipulação dos preços do petróleo pode se tornar uma ferramenta mais eficaz que as sanções econômicas tradicionais para forçar o fim da guerra na Ucrânia. Nesse contexto, os efeitos se espalham por toda a cadeia global de energia e alimentos. “Estamos diante de uma engrenagem mundial onde decisões tomadas a milhares de quilômetros afetam diretamente a economia brasileira e o campo. O agro precisa estar atento a tudo isso”, disse.

Equilíbrio nas decisões

Ao encerrar sua palestra, o presidente da ABAG destacou a importância de uma diplomacia estratégica por parte do Brasil, capaz de equilibrar interesses sem submissão a alinhamentos ideológicos. Segundo ele, diante das limitações do mercado interno e da renda da população, a expansão do agronegócio brasileiro depende diretamente da escala e da inserção internacional. “Precisamos negociar com base na estratégia, não na ideologia”, afirmou.

Entre o “Tio Sam” e o “Dragão Vermelho”, o Brasil segue por uma linha tênue onde a próxima jogada, seja em Washington, Pequim ou Brasília, tem o potencial de redesenhar o mapa global da produção e comercialização de alimentos.

Fonte: Fábio Palaveri – Visão Agro

Créditos: Visão Agro

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