Agrishow 2025 destaca protagonismo do etanol com tecnologias inéditas e bate recorde de R$ 14,6 bilhões em negócios

A 30ª edição da Agrishow, encerrada na última sexta-feira (2), em Ribeirão Preto – SP, consolidou-se mais uma vez como a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, reunindo um público recorde de 197 mil visitantes e movimentando R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios — um crescimento de 7% em relação ao ano anterior.
“A concretização desses negócios depende de um Plano Safra robusto e de juros compatíveis com a realidade do produtor rural. A tecnologia está pronta, mas precisa de suporte para chegar ao campo”, ressalta João Carlos Marchesan, presidente da Agrishow.
Etanol brilho na 30ª Agrishow
A inovação voltada ao uso do etanol como fonte energética que ganhou protagonismo nesta edição. Soluções revolucionárias apresentadas por grandes nomes da indústria agrícola sinalizam uma transformação concreta no setor, com foco na sustentabilidade e eficiência.
Uma das grandes estrelas do evento foi o sistema de combustão desenvolvido pela Grunner em parceria com a DSA, que promete revolucionar o uso do etanol em veículos agrícolas. A tecnologia, única no mundo, altera a lógica tradicional da queima de combustível: um injetor exclusivo permite que o etanol inicie a combustão antes mesmo de entrar na câmara, adaptando motores a diesel em apenas cinco horas.
Apresentado como protótipo em um transbordo de cana-de-açúcar, o sistema está pronto para ser testado em campo ainda neste semestre, em uma propriedade de 6.500 hectares de cana, além de outras três fazendas. “Estamos escrevendo um novo capítulo da história do etanol”, afirma José Reche, diretor de operações da Grunner, que revela que o projeto é resultado de oito anos de pesquisa intensiva.
A inovação da Grunner representa uma terceira via de combustão, diferente dos tradicionais ciclos diesel e otto. A DSA, parceira no projeto, é especialista em sistemas de injeção eletrônica e já desenvolveu tecnologias para Fórmula 1 e Fórmula Indy.
Outros gigantes do setor também embarcaram na revolução do etanol. A John Deere apresentou pela primeira vez ao público, um trator movido a etanol com motor no Ciclo Otto. O trator 8R equipado com motor a etanol, foi calibrado com ajustes específicos de software para garantir alta performance, apresentando desempenho semelhante ao diesel, e contribuir para a redução das emissões.
Segundo Felipe Dias, gerente global do sistema de produção de cana, o trator que está em testes no Brasil, foi o primeiro equipamento a receber o motor a etanol por estratégica. Trata-se do produto mais presente nas fazendas brasileiras, com ampla aplicação nas diversas etapas do ciclo produtivo da safra.
Máquinas a etanol já estão em testes nos canaviais
A Case IH é outra companhia que aposta no uso do etanol e mostrou sua primeira colhedora de cana de duas linhas movida ao biocombustível. O protótipo utiliza um motor Cursor 13 de Ciclo Otto, o mesmo usado em carros flex. A colhedora esteve em teste nos canaviais do Grupo São Martinho em dezembro, e voltou para o campo, em abril, devendo trabalhar durante toda a safra 2025/26 na usina.
Segundo Nilson Righi, gerente de Marketing Tático da Case IH para América Latina, o projeto nasceu da necessidade de buscar alternativas mais econômicas e ambientalmente responsáveis ao diesel — combustível que representa até 30% dos custos operacionais das usinas.
Neste sentido, a empresa adaptou um motor da FPT Industrial, usado na Europa com gás natural e biometano, para funcionar com etanol. “É um motor Ciclo Otto, que já trabalha com velas de ignição, assim como os veículos flex. Realizamos adaptações em injetores, pistões e bloco para viabilizar a queima do etanol com desempenho equivalente ao diesel”, explicou.
Essa abordagem mostrou-se mais promissora do que tentativas anteriores de uso do etanol em motores diesel convencionais, que não alcançaram bons resultados em autonomia e consumo. Os testes atuais da companhia estão sendo realizados em colhedoras de cana-de-açúcar, com foco em desempenho, emissões e durabilidade. Mas o plano da empresa vai além: “Nosso objetivo é expandir essa tecnologia para praticamente toda a nossa linha de produtos. A cana é só o começo”, destacou Righi
A Cummins Brasil, líder em tecnologia de energia, exibiu um grupo gerador com motorização eletrônica QSB 7 a etanol. Segundo Maurício Biadola, diretor de vendas da companhia, a expectativa é que este equipamento seja oferecido no mercado brasileiro em breve, inicialmente na versão stand-by. “Esta motorização, cujos testes serão promovidos a partir deste mês (maio), compartilha os componentes da versão a gás natural, ciclo Otto”, disse.
A Cummins estima que o grupo gerador com motor QSB7 a etanol ofereça potência semelhante às versões a diesel, de 60Hz, entre 170 kWe e 208 kWe.
Já a Toyota apresentou a Hilux movida a biometano na feira. A picape, adaptada a partir da versão STD Power Pack com câmbio manual, é a primeira do Brasil a utilizar esse tipo de combustível. A tecnologia mantém a base do motor 2.8 diesel, mas com alterações que permitem o uso do combustível gasoso.
Além das novidades em motorização sustentável, a feira também brilhou com soluções em inteligência artificial, que foram destaque entre os expositores. Pequenos, médios e grandes produtores — incluindo a agricultura familiar — marcaram presença, provando que a inovação é acessível a todos os elos da cadeia produtiva.
Próxima edição será realizada de 27 de abril a 1º de maio de 2026
Com resultados históricos e tendências claras para a sustentabilidade energética no campo, a Agrishow 2025 encerra com um olhar voltado para o futuro. A próxima edição já está confirmada e acontecerá de 27 de abril a 1º de maio de 2026, também em Ribeirão Preto- SP.
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