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Canaoeste segue tendência mundial e apresenta benefícios da produção sustentável

26/10/2021 11:16

Há alguns meses temos divulgado dentro da Revista Canavieiros reportagens mostrando as transformações e parcerias feitas pela Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) buscando levar informações aos produtores sobre a importância de se ter uma produção sustentável.

Não é de hoje que a associação tem dado atenção a essas novas tendências, onde um produto certificado, que segue todas as normas, leis e práticas ambientais, tem um espaço de destaque.

Seja pelos benefícios ao planeta, seja pela valorização que traz a marca ou a quem produz, uma certificação mostra a todos que você é diferente – consegue produzir aliando qualidade e processos responsáveis – e isso também abre novos tipos de parcerias e oportunidades de negócios.

Diante desse cenário cheio de possibilidades, a Canaoeste elaborou o projeto de criação de um Comitê de Produtores para implementação, acompanhamento e evolução gradativa de boas práticas agrícolas no processo de produção de cana-de-açúcar. Batizado de “Programa de Boas Práticas e certificações”, o projeto recebe o apoio da Solidaridad, organização internacional da sociedade civil, e da Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil).

“As boas práticas que o projeto pretende trabalhar vão além da assistência técnica já prestada pela Canaoeste aos associados. Ela contempla aspectos também econômicos, sociais e ambientais da produção, o chamado tripé da sustentabilidade. Trata-se de um novo serviço a ser prestado pela Canaoeste a seus associados, tendo em vista as novas demandas do mercado, a necessidade de adequação à legislação socioambiental, a melhoria da gestão da propriedade e, principalmente, o cuidado com as pessoas e o meio ambiente”, explica a gerente de Projetos de Cana-de- -Açúcar da Fundação Solidaridad, Aline Silva.

Aline pontua que a Solidaridad enxerga um potencial excelente na iniciativa proposta pela Canaoeste, sendo uma oportunidade de levar conhecimento para os produtores associados ao mesmo tempo em que apoiam possíveis adequações a serem implementadas nas propriedades. “É uma oportunidade para a associação ampliar seus serviços em um tema tão relevante que é a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, prover uma assistência técnica que incorpora requisitos socioambientais”, destaca e completa “os produtores ganham em receber orientações dos técnicos da Canaoeste sobre práticas sustentáveis, reduzindo o risco de autuações, atendendo às demandas crescentes das usinas e contribuindo para a conservação de sua propriedade”.

Além do Comitê, a Canaoeste irá promover dentro da Revista Canaveiros uma Coluna sobre ‘Boas Práticas Ambientais’, que oferecerá mais informações para que os produtores atinjam seus objetivos.

“O lançamento dessa coluna vem em um momento especial. Ele coroa a parceria que temos com a Solidaridad e vamos trabalhar a transferência de conhecimentos demonstrando as fases que o processo de implementação de boas práticas exige”, destaca o gestor corporativo da Canaoeste, Almir Torcato.

“Construímos esse projeto junto aos produtores, fornecedores e associados. À medida que cada assunto for abordado, vamos atacar diretamente uma dúvida no processo de boas práticas de implementação. Acho que será bacana e promete ser um material com conteúdo muito relevante”, acrescenta Torcato.

Para chegar a esse novo projeto, a Canaoeste teve a ação de outra ferramenta oferecida pela Orplana em parceria com a Solidaridad, o “Muda Cana”. Luiza Magalhães é quem coordena o programa que tem como finalidade a melhora contínua para o produtor de cana e o fortalecimento das associações.

“Tínhamos o diagnóstico da Canaoeste, e este ano fizemos outro com uma metodologia mais recente”, destaca Luiza Magalhães. Através do benchmarking os analistas constataram na Canaoeste a necessidade de trabalhar práticas sustentáveis, foi então que Luiza orientou a associação a investir nelas. “Vimos que era uma demanda latente o trabalho de pautas sustentáveis na associação. Isso faz parte do futuro e todos têm pessoas capacitadas para lidar com essa área.

Sendo assim, sugeri que seria interessante, visto que a Canaoeste está inserida em uma região onde existem outras associações que já vinham investindo nessa questão”, comenta. “Projetos como este da Canaoeste são importantes, já que levam aos produtores noções sobre práticas ambientais, as quais permitem que possam ser mais sustentáveis em suas ações, favorecendo que estejam compatíveis com a legislação tanto social quanto ambiental”, ressalta Luiza Magalhães, que ainda acrescenta que “Eles podem conseguir uma certificação ou benefícios de PSA (Pagamentos de Serviços Ambientais). Penso que essa é a visão do futuro e é isso que as associações e produtores estão começando a ter dimensão, abrindo os olhos”.

Já o diretor executivo da Orplana, Denis Arroyo Alves, revela que esse tipo de iniciativa é cada vez mais necessário, já que trabalhar com boas práticas, quer sejam agrícolas ou socioambientais, mostra que se vai entregar mais que simplesmente cumprir uma legislação.

“O mundo precisa de consciência em relação à sociedade e vemos que a legislação é uma questão de base. Obviamente temos que cumprir a lei, mas as boas práticas trazem sempre valor a mais para o negócio como um todo. É valor para a sociedade, valor percebido aos produtores, valor maior aos produtos.

É muito interessante a Canaoeste ter essa visão de fazer algo que não seja simplesmente o mínimo”, destaca Arroyo, que ainda completa que “todo o projeto de boas práticas traz aprendizados e ganhos de eficiência, excelência e produtividade. Talvez seja a ferramenta m ais eficaz no e quilíbrio d a cadeia, n a e ntrega que ela pode fazer desde a terra até o consumidor final. É realmente sair de um círculo vicioso para um círculo virtuoso”.

“Quando pensamos em um processo de certificação através das boas práticas, vem à mente o investimento necessário para fazer as adequações. Acredito que temos que ter outro olhar nesse sentido, já que o processo de certificação transforma o produtor rural em um empresário rural que no dia-a-dia passa a enxergar o próprio negócio de forma mais analítica, tendo o controle sobre tudo o que acontece, oferecendo a ele previsibilidade diante de qualquer risco”, ressalta Almir Torcato.

O gestor corporativo da Canaoeste comenta ainda que quando se fala em boas práticas, se pensa em profissionalização do negócio. Torcato revela que não é à toa que existem instituições financeiras que oferecem vantagens, como taxa de juros menores para empresas que possuam algum tipo de procedimento de certificação de boas práticas. Sendo assim, passar por esse processo oferece a oportunidade para que o produtor possa pensar no contexto global do seu próprio negócio, olhar de maneira macro para todos os indicadores e ver o que pode ser ajustado ou melhorado. “Já dizia Deming ‘Não se gerencia o que não se mede’. Esse trabalho de profissionalizar a gestão do próprio negócio agrícola será um divisor de águas.

No geral, todas as organizações buscam essa questão da sustentabilidade e a Canaoeste vem ao longo do tempo trabalhando algumas ações que envolvem a questões de sustentabilidade ambiental e legal, entre outras práticas”, frisa Almir Torcato. Este ano, a parceria entre Orplana e Solidaridad completa cinco anos.

De acordo com Denis Arroyo, existem diversos projetos e todos com foco no desenvolvimento das associações impactando diretamente os produtores. “A Solidaridad tem como lema o ‘Farmer first’ (Em tradução literal ‘O produtor primeiro’), o que tem tudo a ver com o que a Orplana e o que as associações pensam. Então, a Solidaridad tem sido uma parceira fantástica nesse tipo de desenvolvimento.

Ela traz uma visão global e de outras culturas, mostrando onde podemos chegar. São realmente parceiros, não há ingerência nos projetos, mas interesse em desenvolver, em fazer parte e nos ouvir. Os associados ganham muito com isso porque é uma visão de transformação, de defender o produtor.

Ter uma organização parceira internacional do porte da Solidaridad é uma chancela muito rica para o associado e para as associações”, destaca Denis. Sobre a mudança de paradigmas que envolvem a conscientização de uma produção sustentável, Denis Arroyo analisa que este mercado vai crescer ainda mais.

Ele aponta que hoje os consumidores perceberam que têm o poder de escolha nas mãos, podem guiar o mercado e isso está cada vez mais claro e não vai ser diferente no agronegócio. Existe, porém, o outro lado, que é trabalhar na linha sustentável de boas práticas, considerada por alguns como difícil, além de cara, o que ele discorda. “Não tenho a menor dúvida.

Economicamente, trabalhar as práticas acaba sendo mais viável. É óbvio que um primeiro momento é um susto, há uma imagem de custo alto, de que não dá para fazer, mas se pegarmos o melhor exemplo, que é a proibição da queima da cana, hoje ninguém mais pensa em queimar, tamanho os benefícios que conseguimos com isso.

Temos um case que nos mostra como a sustentabilidade e as boas práticas transformam o negócio em algo ainda melhor”, comenta. Ainda dentro da questão sustentabilidade, Arroyo lembra o contexto do ESG (sigla em inglês para “boas práticas ambientais, sociais e de governança”).

Ele aponta que não é de hoje que o setor sucroenergético já trilha o caminho do bem comum. “Nessa questão de sustentabilidade, não podemos esquecer os pilares econômico, social e ambiental que são as boas práticas que o setor já vinha aplicando há tempos com o uso inclusive das novas tecnologias. Por isso, posso dizer é que é um ganho em conjunto para a cadeia produtiva e para a sociedade na qual estamos inseridos e temos responsabilidade por ela”, finaliza.

Eddie Nascimento

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