Já oferta maior de açúcar no exterior contrasta com demanda aquecida por etanol no Brasil

O Boletim de Commodities de dezembro da FGA mostra que o mercado global de açúcar encerrou novembro pressionado pela forte recuperação da produção na Índia. A safra 2025/26 do país alcançou 4,1 milhões de toneladas até o fim de novembro, alta de 51% sobre o ano anterior, movimento que contribuiu para que o açúcar NY#11 atingisse sua mínima anual em 11 de novembro.

No Brasil, o Centro-Sul reduziu o mix açucareiro para 38,6% na primeira quinzena de novembro, reforçando o direcionamento para o etanol em um momento de preços menos favoráveis ao adoçante.

No mercado de biocombustíveis, o boletim destaca que o etanol seguiu em trajetória de valorização ao longo do mês. De acordo com o CEPEA, o hidratado ultrapassou R$ 3,60 por litro (valor bruto ao produtor) em Paulínia, acumulando alta de 3,5% em novembro. A demanda doméstica permaneceu aquecida, com expansão de 2,1% nas vendas de combustíveis do Ciclo Otto até outubro, o que reduziu a folga de oferta e deu suporte aos preços, mesmo com o aumento do direcionamento das usinas para o biocombustível.

O relatório da FGA também aponta que o mercado de fertilizantes atravessou uma fase mais positiva para o produtor rural. As entregas domésticas atingiram 5,39 milhões de toneladas em setembro, recorde histórico, enquanto o acumulado de janeiro a setembro chegou a 35,87 milhões de toneladas, alta de 9,3% na comparação anual.

As relações de troca melhoraram de forma generalizada, especialmente nos fosfatados, que registraram correções negativas no mercado internacional. A combinação de grãos valorizados e insumos com preços mais estáveis ampliou o poder de compra do produtor no fechamento de 2025.

A consultoria indica, assim, um mercado em reconfiguração: o açúcar responde à recomposição da oferta asiática, o etanol sustenta preços firmes diante do consumo aquecido e os fertilizantes oferecem condições mais favoráveis para o planejamento da próxima safra.