Integrantes da Canaoeste viajaram para Brasília, nesta terça-feira (1º), com um grupo de produtores associados para participar da 2ª edição do Cana Summit, um dos principais eventos do setor sucroenergético do país. O evento, que reúne produtores, líderes econômicos, autoridades políticas e representantes internacionais, tem como objetivo discutir políticas públicas, desafios e perspectivas para a cadeia da cana-de-açúcar.

Logo após a chegada à capital federal, o grupo iniciou atividades de articulação política, começando com uma visita à sede de entidades representativas dos produtores rurais brasileiros, como a Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Soja (Aprosoja Brasil), Sociedade Rural Brasileira, Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (ABRAMILHO), Frente Parlamentar de Comércio e Serviços e Canal Rural. Também visitaram a sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Durante o encontro, os representantes da Canaoeste foram recebidos por Fabrício Rosa, diretor executivo da Aprosoja, que, junto com o produtor Gustavo Chivaglia – ex-presidente da Aprosoja –, conduziu um diálogo sobre os principais temas do setor com os associados.

Fortalecimento da articulação do setor com as autoridades

Fernando dos Reis Filho, representante da Canaoeste, ressaltou a importância da presença da entidade em Brasília, destacando o papel da articulação política para fortalecer as demandas do setor sucroenergético junto aos formuladores de políticas públicas. Para ele, a visita à Aprosoja e o encontro com as autoridades evidenciam o compromisso dos produtores em buscar melhores condições de negociação e maior valorização do seu trabalho:

“A presença da Canaoeste reforça a importância de dialogar diretamente com os responsáveis pela criação de políticas públicas que impactam diretamente o setor. Esse tipo de encontro é fundamental para avançarmos nas questões que impactam diretamente o nosso trabalho e a sustentabilidade do setor”, ressaltou.

Revisão do Consecana

Um dos pontos centrais a ser debatido em Brasília será a revisão do Consecana, o instrumento que determina como os ganhos da produção de açúcar e etanol, são divididos entre a usina e o produtor. De acordo com Gustavo Chivaglia, a atualização desse processo é essencial para que os benefícios sejam distribuídos de maneira mais equilibrada entre as partes:

“Os benefícios poderão vir de forma lógica, mas é uma luta intensa e difícil, que nem sempre é visível. O ajuste é muito preciso, e estamos revisitando os custos para melhorar a compensação, com o objetivo de negociar uma divisão mais vantajosa para o produtor”, explicou Chivaglia.

Almir Torcato, por sua vez, destacou a importância de atualizar o Consecana, uma vez que ele reflete a relação complexa entre a produção de cana e os investimentos necessários na industrialização. Torcato explicou que, atualmente, 40% do valor do produto final vai para a usina e 60% para o produtor, mas que essa divisão precisa ser revista para refletir os custos reais e as necessidades de renovação do canavial.

“Atualmente, cerca de 40% do valor do produto final vai para a usina e 60% para o produtor. Mas precisamos atualizar essa divisão para refletir os custos reais e as necessidades de renovação do canavial. Nosso objetivo é que a participação do produtor evolua, sem impactar de forma desproporcional os arrendamentos e sem comprometer a sustentabilidade do setor”, explicou.

Cana Summit: um espaço estratégico para o futuro do setor

Com debates que prometem influenciar diretamente a revisão do Consecana, o Cana Summit, que será realizado nesta quarta e quinta-feira (2 e 3), em Brasília, se mostra como um espaço estratégico para que produtores e demais atores do setor possam alinhar perspectivas e avançar em pautas fundamentais para o desenvolvimento sustentável da atividade canavieira no Brasil.

Neste ano, a programação contará ainda com a presença de representantes de outros países produtores de cana, que compartilharão suas experiências e dificuldades, demonstrando a capacidade de empreendedorismo do setor e suas indústrias. Haverá também a apresentação de estudos e diagnósticos detalhados sobre a canavicultura, visando embasar as discussões sobre políticas públicas voltadas ao produtor e ao ambiente regulatório da produção de cana no Brasil.