Safra expõe descompasso entre oferta de biocombustíveis e cristal na reta final de 2025/26

Os preços dos etanóis hidratado e anidro seguem sustentados no estado de São Paulo. Entre 17 e 21 de novembro, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado fechou em R$ 2,8554/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), avanço de 1,13% em relação à semana anterior. O anidro também registrou alta, de 1,05%, alcançando R$ 3,2434/litro (líquido de impostos). A firmeza reflete a baixa oferta e a postura retentiva dos vendedores na etapa final da safra.

Embora o começo da semana tenha mostrado menor atividade em São Paulo e um ritmo mais intenso em Mato Grosso do Sul, as chuvas em regiões produtoras paulistas restringiram a disponibilidade do biocombustível, reforçando a sustentação dos preços. Do lado da demanda, agentes reduziram o ímpeto de compra após fecharem volumes maiores anteriormente, criando um ambiente de mercado mais ajustado e propício a novas valorizações.

Açúcar perde força no mercado doméstico

No segmento de açúcar, o cristal branco enfrenta pressão de baixa na reta final da safra 2025/26. O Indicador CEPEA/ESALQ (Icumsa 130-180, SP) se mantém próximo de R$ 106 por saca de 50 kg, bem abaixo da média de R$ 141,36/saca registrada entre 7 e 11 de abril, nos primeiros meses da moagem. Segundo o Cepea, a oferta elevada no mercado à vista continua limitando a reação dos preços.

Apesar disso, fatores estruturais começam a pesar no horizonte: a qualidade inferior da cana e o maior direcionamento da matéria-prima para o etanol podem reduzir a disponibilidade futura de açúcar, criando potencial de suporte mais adiante.

No mercado externo, a China segue como protagonista na demanda. Com contratos futuros do demerara renovando mínimas de cinco anos na ICE Futures, compradores chineses têm ampliado aquisições, consolidando o papel do açúcar brasileiro na recomposição dos estoques globais.