Como uma das maiores e mais tradicionais associações ligadas à Orplana, é natural que a Canaoeste seja uma das pioneiras nessa parceria. Contudo, se a seriedade de sua gestão não fosse o suficiente para acelerar a primeira fase, seria necessário algo condizente com os objetivos da Solidaridad Brasil para dar liga, e em Sertãozinho, cidade berço da associação, foi encontrado exatamente o que se buscava – o desenvolvimento de ferramentas com viés tecnológico.

“A Canaoeste vem trabalhando seu banco de dados para promover a interatividade há alguns anos. Desde que iniciamos nosso planejamento estratégico, identificamos que a tecnologia seria um viés importante na gestão, tanto a nossa, como organização, como no campo. Dessa forma, conseguimos evoluir em uma das principais premissas: o que não se mede, não se gerencia. O projeto da Solidaridad caiu como uma luva, porque eles têm abertura para o desenvolvimento de ferramentas digitais que conseguem atingir o público final, o que seria praticamente impossível se o produtor tentasse acessá-las de maneira individual”, disse o gestor corporativo da associação e gestor do projeto, Almir Torcato.

Diante disso, o trabalho mais simples foi apresentar aos novos parceiros o portfólio de serviços que necessitam de banco de dados e sistemas robustos para funcionar e estão sendo utilizados já há algum tempo pelos associados.
Do lado agronômico há os mapas de biomassa, em que os produtores podem reduzir custos e a utilização desnecessária de defensivos, pois possibilita a identificação precoce do ataque de pragas e de reboleiras com plantas invasoras.

Outro serviço importante é o de sistematização dos talhões de cana, que refaz o desenho dos sulcos de modo a tornar o processo de colheita mais eficiente, principalmente pensando na integridade da soqueira, elevando a longevidade do canavial.

Ligando as informações cadastrais com os mapas, foi possível desenvolver o PAM (Plano de Auxílio Mútuo) que envolve o combate a incêndios criminosos ou acidentais com a introdução de serviços de captura de imagem via satélite, que teve sua agilidade maximizada através da implementação do serviço de monitoramento das áreas.

No ano passado, mais uma vez o banco de dados da entidade foi útil com a implementação, através de parceria com a Copercana, Sicoob Cocred e Polícia Militar, do GPS Rural, que tornou possível o endereçamento das propriedades rurais de Sertãozinho-SP, permitindo o ganho de velocidade ao atendimento dos agentes de segurança pública em possíveis ocorrências.
Todas essas ações já produzem resultados reais no campo como, por exemplo, o ATR médio dos associados da Canaoeste, que até o final do mês de outubro fechou em 147,32 quilos de açúcar por tonelada de cana, enquanto que a média do Estado de São Paulo (segundo o acompanhamento de safra divulgado pela Unica) encerrou em 145,32 no mesmo período.

“Foram diversas reuniões e acredito que tivemos o sucesso de transmitir para eles, além da seriedade e todo o aparato tecnológico da associação, o quanto somos apaixonados por aquilo que fazemos e como somos capazes de dar continuidade ao nosso planejamento e fazermos ainda mais diferença nas operações de nossos associados”, disse Torcato.

Visão muito parecida com o que pensa o diretor da Solidaridad Brasil, Rodrigo Castro. “As associações têm o desafio de se manterem funcionais e relevantes para o produtor, precisam se esforçar para criar, manter e mostrar os valores agregados e, ao mesmo tempo, estarem atentas em manter um grupo que represente seus interesses, trabalhe a questão da comercialização e melhore as práticas no campo”.

Mediante a união das duas entidades, muita novidade deverá surgir, abrindo caminho para soluções que seriam realmente incríveis como, por exemplo, informações cruzadas e em tempo real dos resultados obtidos pela equipe de pragas.

Por enquanto, o trabalho se encontra no início, contudo, já é possível enxergar evoluções que, em breve, estarão disponíveis como os primeiros frutos da parceria: o trabalho de arquitetura de dados desenvolvido para o APP Canaoeste, que conta com o apoio de um consultor técnico da Solidaridad Brasil e visa organizar a base de dados num padrão mais amigável para um ambiente multiplataformas, algo fundamental nos dias de hoje.

Perante a provável renovação das parcerias, o que parece ser a intenção dos dois lados, finalmente registraremos nos canaviais o resultado de uma nova era da extensão rural, que é a mudança das práticas agrícolas para elevar a produtividade, totalmente composta por apetrechos tecnológicos e disseminada para mais produtores associados, de maneira bem veloz.

Fonte: Revista Canavieiros
Escrito por: Marino Guerra