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Métodos de proteção de cultivos de reflorestamento contra formigas cortadeiras

Desde o início da agricultura, o produtor encontra barreiras produtivas para sua lavoura ligados a diversos fatores como climático, topográfico, biológico entre outros. Dentre os fatores biológicos podemos citar a ocorrência de insetos pragas, que podem causar danos às estruturas das plantas reduzindo em até 50% sua capacidade produtiva. Com as espécies arbóreas (reflorestamento) não é diferente, as formigas cortadeiras são as principais pragas que atingem os reflorestamentos destinado a recuperação de áreas degradadas, causando danos que podem alongar o processo ambiental mais do que o desejado pelo produtor.

As formigas dos gêneros Atta spp. (saúvas) e Acromyrmex spp. (quem-quéns) são as mais comuns em plantios florestais no território brasileiro. Os ataques destes insetos são intensos e constantes, atingindo principalmente os plantios mais jovens com o corte de folhas, flores, brotos e ramos finos. Tais danos podem gerar desde desuniformidade no crescimento das mudas até morte de plantas quando ataque mais severo, impondo a necessidade de substituição das mudas mortas (replantio), o que gera mais custos ao produtor.

Tendo em vista os danos e custos que podem ser gerados, o combate as formigas se torna uma técnica vantajosa. Os métodos de combate a esses insetos podem ser de caráter físico, biológico, cultural, entre outros, sendo o método químico o mais difundido, principalmente com o uso de iscas granuladas. A seguir são apresentados alguns tipos de controle e proteção para formigas:

1. Controle Mecânico:

O controle físico, como o próprio nome sugere, consiste na utilização de técnicas físicas, mecânicas ou estruturais, que tem por objetivo diminuir imediatamente a população das formigas cortadeiras, através da escarificação, ou impedir que estes insetos cheguem às estruturas de interesse da planta por meio de barreiras físicas.

As técnicas de controle mecânico possuem uma boa eficiência na redução dos ataques dos insetos as plantas, mas costumam ser trabalhosas e muitas vezes inviáveis para áreas de reflorestamento muito extensas. Dentre as estratégias podemos citar:

– Escavação dos Ninhos

Um dos métodos utilizados no controle mecânico de formigas é a escavação dos formigueiros utilizando implementos agrícolas. Essa estratégia se baseia na tentativa de matar fisicamente a rainha da colônia, levando a colônia ao colapso.

Essa estratégia tem maior eficiência com formigas do gênero Acromyrmex spp. (quem-quéns) por possuírem ninhos com panelas mais rasas, mas pode ter bons resultados contra as saúvas quando aplicado em colônias mais novas (até 4 meses) quando ainda não aprofundaram seus ninhos.

-Barreiras Físicas

As barreiras físicas como cercas e telas são muito utilizadas em viveiros de mudas florestais por manter de forma eficiente os insetos fora do alcance das mudas, mas também podem ser utilizadas individualmente em mudas plantadas para reduzir os danos causado pelas formigas cortadeiras. Essa técnica pode ter um custo relativamente elevado e um tempo de manuseio considerável, o que pode aumentar o custo da mão de obra, tornando uma estratégia mais recomendada para pequenas áreas de reflorestamento.

O uso de barreiras para proteger a copa das árvores é uma das técnicas mais antigas e mais usadas em pequenas áreas. Os tipos mais comuns usados contra essas pragas são o uso de cones plásticos invertidos, tiras plásticas embebidas em vaselina, garrafas pet e gel adesivo ao redor dos troncos das árvores. As barreiras devem ser vistoriadas e reparadas constantemente para ter seu efeito prolongado na proteção às árvores.

Imagem 01: Ilustração do cone plástico como barreira física contra formigas

2. Controle Biológico

O controle biológico é uma técnica que vem sendo muito difundida para garantir a sustentabilidade no setor agropecuário e o manejo integrado de pragas (MIP). Esta técnica consiste na utilização de organismos vivos classificados como inimigos naturais dos insetos pragas presentes na lavoura, podendo ser subclassificados como predadores, parasitas ou patogênicos.

Atualmente não existem produtos biológicos registrados para o controle de formigas cortadeiras, no entanto, existem trabalhos científicos obtendo ótimos resultados em laboratório com a utilização de fungos entomopatogênicos, como o Metarhizium anisophiae, Beauveria bassiana e Trichoderma harzianum. De acordo com os trabalhos analisados, os principais entraves para o controle em campo utilizando esses fungos estão na forma de aplicação dos produtos e o comportamento dos insetos, uma vez que os melhores resultado são obtidos com a pulverização dos produtos, necessitando entrar em contato direto com os insetos.

Imagem 02: Registro de um inseto Infectado pelo fungo Beauveria bassiana.

3. Controle Cultural

O controle cultural é uma técnica que provém do uso de plantas com adaptações fisiológicas que podem torná-las atrativas, repelentes ou mesmo tóxicas a insetos. No caso dos plantios florestais, essa técnica consiste na integração das mudas florestais com espécies de plantas que sejam mais atrativas às formigas ou mesmo as mantenham afastadas, semeando-as entre as linhas de plantio de árvores ou às margens da área destinada ao reflorestamento.

– Plantas com efeito Tóxico

De acordo com cartilhas do Ministério da Agricultura (MAPA), o gergelim preto é uma planta que possui efeitos tóxicos para o fungo do qual as formigas cortadeiras se alimentam, dessa forma a recomendação é a semeadura do gergelim preto na bordadura da área destinada ao reflorestamento.

– Plantas atrativas

Algumas plantas possuem folhas que são mais atrativas às formigas cortadeiras, dentre elas podemos citar a mandioca e a batata-doce. A recomendação é também realizar o plantio dessas espécies na bordadura da área destinada ao reflorestamento, com o objetivo de reduzir os ataques das formigas na cultura de interesse, nesse caso, espécies arbóreas.

4. Controle Químico

O controle químico é feito utilizando-se substâncias denominadas inseticidas, que são compostos químicos que aplicados direta ou indiretamente contra insetos, em concentrações específicas, causam efeitos no inseto e levam-no a morte. Este tipo de controle possui alta eficiência com custo relativamente baixo, ideal para grandes áreas. No caso das formigas cortadeiras, os inseticidas mais utilizados são as iscas granuladas, substâncias sólidas que são carregadas pelas formigas para dentro dos ninhos.

O emprego de iscas granuladas, principalmente através de porta-iscas (PI) e

microportaiscas (MIPIs), é considerado eficiente, prático e econômico. Oferecem maior segurança ao operador, dispensam mão de obra e equipamentos especializados e permitem o tratamento de formigueiros em locais de difícil acesso

Sua composição é baseada em inseticidas formulados e devem agir por ingestão, possuem ação lenta tendo uma média de mortalidade de 15% após o primeiro dia e maior que 85% após o décimo dia.

Imagem 03: Porta iscas Granuladas

Para o controle de formigas com o uso de iscas algumas recomendações devem ser seguidas:

  • Sempre seguir a recomendação da dose com base na quantidade e tamanho dos formigueiros, com a devida orientação de um especialista técnico.
  • A aplicação das iscas nunca deve ser feita em cima da trilha ou do formigueiro, e sim ao lado das trilhas e de preferência próximas ao olheiro de alimentação do formigueiro (local onde as formigas entram com material orgânico).
  • Realizar o controle pré-plantio 30 dias antecedidos da atividade de preparo de solo

Independentemente do método escolhido, após o controle inicial e plantio das mudas serem realizados é necessário manter um monitoramento da área para levantamento populacional das formigas, dessa forma verificando a necessidade de controles de manutenção de formigas, que deve ser realizado até que o plantio alcance uma idade mínima de 1,5 anos.

Caso houver dúvidas em relação ao melhor método de controle, procure pelo departamento Ambiental da Canaoeste, estamos à disposição.

Guilherme Di Bianco

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