Podcast da Canaoeste discute oportunidades e desafios do setor bioenergético na comercialização de créditos de carbono

21/10/2024 15:02

Participantes avaliaram como ingressar no mercado de Créditos de Carbono

No cenário crescente da economia verde, os créditos de carbono surgem como uma ferramenta essencial para a sustentabilidade, e o Brasil tem grande potencial para se destacar nesse mercado. Foi com esse foco que o CanaoesteCast abordou o tema “Créditos de Carbono: Uma moeda verde para um futuro sustentável”, durante a 30ª edição da Fenasucro & Agrocana, na Arena de Sustentabilidade.

Estimativas apontam que o mercado de créditos de carbono movimentará cerca de 50 bilhões de dólares no Brasil até 2030, com o país tendo o potencial de atender 50% da demanda global. Porém, para que o produtor rural consiga aproveitar essas oportunidades, é fundamental estar preparado, principalmente no que diz respeito à digitalização dos processos e à criação de bancos de dados robustos, que reúnam informações detalhadas sobre a propriedade e o ciclo produtivo.

A edição especial do podcast contou com a participação de especialistas do setor: Olivaldi Alves Borges Azevedo, mestre em conservação da fauna; Marcelo Ferraz, CEO da GMG Ambiental; Rangel Romão, CEO da Ecofix; e Fabio Soldera, gerente de Sustentabilidade da Canaoeste. A moderação ficou a cargo da jornalista Daniela Golfieri.

O gestor ambiental da Canaoeste, Fabio Soldera, destacou o imenso potencial do Brasil no setor de descarbonização. Ele salientou que é crucial reconhecer o papel do produtor rural nas políticas e programas de captura de carbono já existentes, mas que o avanço ainda é lento. “Temos propostas em andamento, mas elas não avançam na velocidade que gostaríamos”, afirmou Soldera.

Ele também ressaltou a importância da organização setorial, especialmente na criação de bancos de dados. Soldera mencionou que o sistema de monitoramento de incêndios implantado pela Canaoeste em 2017 só foi possível graças ao banco de dados criado desde 2012, durante a implementação do CAR (Cadastro Ambiental Rural). “A organização do setor é primordial para que possamos atingir metas de políticas públicas, certificações e projetos de descarbonização”, explicou.

Rangel Romão enfatizou a capacidade da cana-de-açúcar em fixar carbono, estimada em 1,8 toneladas de carbono por hectare/ano, superando outras culturas como milho e soja. No entanto, ele também apontou que o processo de renovação do canavial resulta na perda significativa de carbono, o que representa um desafio para o setor. Romão sugeriu que essa questão pode ser mitigada com a adoção de novas tecnologias, como o uso de mudas pré-brotadas.

Outro ponto destacado por Romão foi o alto custo para a aprovação de projetos de crédito de carbono, o que pode desestimular produtores a ingressarem no mercado. “O custo de aprovação é elevado em comparação com o benefício inicial, o que torna o processo desafiador”, comentou.

Para Marcelo Ferraz, CEO da GMG Ambiental, a tecnologia desempenha um papel fundamental na inclusão de pequenos e médios produtores no mercado de créditos de carbono. “Há uma janela de imensas oportunidades para os produtores. Grandes empresas já adotam políticas de sustentabilidade e estão usufruindo dos benefícios. A tecnologia pode ajudar a inserir os pequenos e médios produtores nesse processo, organizando as informações necessárias”, afirmou Ferraz.

Olivaldi Alves Borges Azevedo lembrou que o Brasil é responsável por apenas 2% das emissões globais, mas enfrenta desafios significativos, especialmente no que tange ao desmatamento. “O Brasil tem 66% de vegetação nativa protegida em unidades de conservação e terras indígenas. O desmatamento é um problema que precisamos resolver”, ponderou Azevedo.

Ao final do debate, Fabio Soldera reiterou que a organização e digitalização dos processos são os principais fatores que permitirão ao produtor rural se beneficiar do mercado de créditos de carbono. “O produtor sabe plantar e colher, mas é papel das associações, como a Canaoeste, auxiliar na parte burocrática e na organização das informações, para que ele possa manter seu foco na produção”, concluiu Soldera.

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